É dono de uma das grandes produções de flores do país. Está ali localizado na vila de Apúlia, não muito longe da Ramalha, no concelho de Esposende. João Oliveira falou com o Diário do Minho e deu conta de um setor onde são mais os espinhos o que as rosas.
O também presidente da Associação de Floricultores de Portugal alertou que 2021 será mais um ano terrível para o setor que, num ano normal, é responsável por uma volume de negócios a rondar os 100 milhões de euros em exportações em Portugal.
«Vivemos uma situação muito dramática. As quebras são de 90% na exportação e de 80% de faturação», frisa a este jornal João Oliveira, dono de uma empresa com 4 hectares de terreno para produzir flores (ver aqui).
O setor terá em Portugal 15 mil produtores e muitos já estão a dispensar trabalhadores. João Oliveira reclama ajuda dos Estado, denunciando que a banca está a travar o recurso a apoios.
«Ninguém estava a contar com esta pandemia, assim como outros sectores. Este negócio estava em crescimento, até porque a flor portuguesa é das melhores do mundo, ao nível dos lideres Columbia e Equador. A nível interno também se crescia, mas os confinamentos e as medidas de restrições de combate à covid-19 estão a garrotear-nos», apontou.
«Sem festas, nem casamentos, comunhões, batizados ou funerais sem flores, assim como o cancelar de procissões, datas religiosas e romarias, este sector acabar por ter um cenário muito mau», frisa.
«Temos dias e épocas ao longo do ano muito marcantes. A começar, há uma tradição religiosa que nos dá pão o ano todo, os enfeites de campas e funerais. Em 2020, e a tendência para 2021 vai no mesmo sentido, o encerramento dos cemitérios, as restrições nos funerais, o cancelamento de casamentos, batizados, comunhões, representou um enorme rombo para a atividade», acrescenta ainda João Oliveira.
Este produtor do concelho de Esposende, que nasceu em Barcelos mas casou em Apúlia, referiu que «muito do escoamento do setor era feito para funerais, mas as regras de combate à pandemia, a má informação por parte das funerárias que dizem serem proibidas flores, o número restrito no acesso aos funerais, tudo junto, faz com que quem vivia desse ramo esteja em dificuldades», diz, alertando ainda para que «2021 não vai ser melhor para o negócio».
«Vivemos da antecipação. Temos que preparar um ano no ano anterior, por causa da época de semear e colher a flor. Estamos a arriscar a semear a pensar já no Dia da Mãe (em maio) porque já vimos que, no Dia dos Namorados (14 de fevereiro) e na Páscoa (em abril), não haverá grande saída», exemplifica, dando conta do receio que aconteça em 2021 o mesmo que em 2020: «cancelamento das procissões religiosas, outro grande miolo para o setor».
«Temos as encomendas para os andores de romarias e festas. Mas em 2020 também tínhamos e foram canceladas, tudo para o lixo ou reciclar, o que também tem custos. Este ano provavelmente não haverá também essa saída uma vez que as comissões de festas precisam de tempo para organizar os eventos e não se consegue prever o evoluir da pandemia», vaticinou.
[Notícia completa na edição impressa do Farol de Esposende]