Ainda que afete mais o interior do país, esta começa a ser uma realidade de Portugal inteiro. Temos um belo território que inveja grande parte da Europa, com o nosso clima ameno e natureza inigualável, para não falar da gastronomia e boa gente. Mas há anos que vemos serviços públicos ou de interesse público a encerrar nas nossas freguesias, perdendo-se a proximidade entre serviço e cidadão.
Há uns anos, começou a onda de encerramentos de balcões de CTT. A cada passo era (e é) anunciado o fecho de mais um balcão de correios pelo país fora, que a população não compreendia. É de facto estranho a lei definir como serviço público essencial o serviço postal (Lei n.º 23/96, de 26 de Julho), e, no entanto, o Governo deixar que a empresa CTT, que é a concessionária dos serviços postais, decida unilateralmente encerrar balcões porque não dão tanto lucro…
Esta situação agrava as desigualdades da sociedade, desde logo pensando nos idosos, muitos com mobilidade reduzida, que ainda recebem a pensão ou reforma por vale postal e vêem-se obrigados a dirigir a outro posto certamente mais longe.
Ainda assim, várias Juntas de Freguesia fizeram uso do protocolo celebrado entre a ANAFRE e os CTT, que vigora desde 2004 com a mais recente alteração feita em 2020, e criaram um serviço de posto de correio na sede de freguesia, como foi o caso de Fão, pela continuidade de prestação do serviço ao nível local.
Mas há outro serviço igualmente necessário para a população que tem vindo a desaparecer no nosso concelho: os multibancos. Só em Apúlia e Fão, nos últimos anos, desapareceram 4: o de Ofir que estava instalado no Hotel Ofir; o balcão do Millenium; o balcão do Montepio; e, agora, o balcão do BPI. Relembro que nesta união residem cerca de 7300 pessoas.
Quando encerrou o Millenium, em Fão, foi feito um esforço por parte da Junta de Freguesia, materializado num abaixo-assinado e em reuniões de negociações com entidades bancárias, para que se instalasse um multibanco (MB) ou mesmo um balcão para colmatar a falha, e o Montepio surgiu. Ano passado, esse mesmo balcão fechou, e não se viu o mesmo esforço a ser feito pela atual Junta.
Neste momento, Fão tem três caixas multibanco, sendo que uma está dentro do Hospital e outra na Prio. No Lidl também há MB, mas já é território de Fonte Boa.
Mais recentemente, fechou o balcão do banco BPI em Apúlia, que servia grande parte da população, porque no território só há mais uma caixa de multibanco! Novamente, o encerramento destes serviços traz graves
constrangimentos à população residente e não residente, como se pode facilmente imaginar.
Mais do que uma vez, referi em assembleias de freguesia a necessidade de instalar caixas multibanco na União de Freguesias de Apúlia e Fão, reforçando o facto de que o anterior executivo deixou preparado um dossiê para instalação de um MB em Cedovém, à semelhança do que está junto ao Museu Caffé em Apúlia. Esse dossiê está na Câmara Municipal há já uns anos. A Junta meteu o assunto “na gaveta” e a situação agrava-se.
Havendo uma entidade bancária portuguesa detida pelo nosso Governo, é incompreensível que existam ainda 1300 freguesias pelo país inteiro sem um único multibanco ( sinalaberto.pt/ha-1300-freguesias-sem-terminal-de-multibanco/).
A ANAFRE exige a cobertura total do território com multibancos (cada freguesia ter um MB), garantindo-se os serviços mínimos, sob pena de criar injustiças sociais e agravar a fragmentação territorial.
Imputemos aos nossos autarcas responsabilidade nesta matéria, e exijamos atuação, antes que seja tarde.