A imigração também tem contribuído para aumentar o número de idosos. Em 2,5 milhões de idosos portugueses, há quase três mil centenários, 552 mil vivem sozinhos, e mais de 400 mil estão em risco de pobreza.
Os dados de uma análise divulgada pela Pordata esta terça-feira, Dia Mundial da População, contam que 17% dos idosos vivem com um máximo de 551 euros por mês. A base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos destaca a inversão da pirâmide demográfica como “um dos maiores desafios do século XXI” na maioria dos países europeus. Esta preocupação abrange Portugal, onde o rácio é agora de 184 pessoas idosas – com 65 ou mais anos de idade – por cada 100 jovens.
Para o Instituto Nacional de Estatística (INE), esta tendência vai agravar-se. As projeções do INE apontam para um rácio de 215 pessoas idosas por cada 100 jovens em 2030, 297 em 2050 e 300 em 2080. Portugal já é o segundo país mais envelhecido da União Europeia, ficando logo atrás da Itália nos dados referentes a 2022.
Em média, os idosos representam 21,1% da população dos países da União Europeia, mas em Portugal a proporção é de 23,7%.
O rácio populacional entre idosos e jovens tem-se alterado devido aos números baixos de naturalidade, mas também ao aumento da esperança média de vida: aos 65 anos as mulheres portuguesas podem esperar mais 22 anos de vida – até aos 87 anos -, enquanto os homens podem esperar viver até aos 83 anos.
O prolongamento da vida significa que cada vez mais idosos atingem a marca do centenário: em 2022 foram 2.940. Mas as projeções dizem que, em 2050, este número já vai ultrapassar os 10 mil. O aumento da população idosa também é impulsionado pela imigração.
Os Censos de 2021 contou 46 mil pessoas idosas estrangeiras. Este número mais do que duplicou face a 2011, ano em que apenas se contavam 20 mil idosos sem nacionalidade portuguesa.
A taxa de emprego entre as pessoas com 65 ou mais anos tem aumentado desde 2015, e está agora nos 9%. Portugal está acima da média europeia neste indicador.
A proporção de homens idosos que continua a trabalhar é mais de o dobro das mulheres idosas – 14% para 6%. Entre os homens, um quinto dos que trabalha é especialista de atividades intelectuais e científicas, e 18% é trabalhador qualificado da indústria e construção. Já entre as mulheres, 27% é trabalhadora não qualificada.
Em 2019, o Recenseamento Agrícola apontava que 243 mil pessoas idosas trabalhavam ou ocupavam-se com a agricultura. Quanto aos rendimentos, a reforma ou pensão é o sustento de 90% dos idosos, com a Segurança Social a pagar mais de 1,6 milhões de pensões em 2022, enquanto a Caixa Geral de Aposentações fez pagamentos, em 2020, a mais de 430 mil reformados.
No fim das contas, são mais de 400 mil os idosos em risco de pobreza – vivendo com menos de 551 euros por mês -, mesmo após receber as transferências sociais, como pensões e outros apoios do Estado.
Estes 17% comparam favoravelmente com os mais de 25% de idosos em risco de pobreza em 2007.
Sem essas transferências, 86% dos idosos seriam hoje pobres, num cenário em que o número de pessoas que recebe o Complemento Social de Idosos tem diminuído, mas há mais a beneficiar o Rendimento Social de Inserção.
Em 2022, 25% dos idosos, cerca de 552 mil pessoas, viviam sós.