No atual panorama das políticas de turismo dos concelhos em Portugal, em especial nos municípios minhotos, a existência de uma festa religiosa é encarada como um dos atrativos diferenciadores para atrair os potenciais visitantes fora dos seus próprios limites, que de uma forma rápida poderemos enunciar as Festas das Cruzes em Barcelos, Romaria da Sr.ª da Agonia, São João de Braga, Sebastianas de Freamunde, Senhora da Lapa de Arcos de Valdevez e inclusive o São Bartolomeu de Ponte da Barca, todas elas um dos pilares da atração de pessoas a estes concelhos que muito vão para além das suas fronteiras.
Olhando para aquilo que é a lista das nossas festas de cariz popular, e numa análise fria, sincera e despida de bairrismos, as nossas festas mais diferenciadoras em relação a tudo aquilo que se passa e é oferecido à nossa volta, são as Festas de São Bartolomeu do Mar.
São estas que nos permitirão levar mais longe o nome do concelho de Esposende, fazer com que mais nos conheçam e nos visitem, que mais descubram e que no final, mais apresentam elementos característicos que muito dificilmente serão encontradas noutros locais, com todas as sua tradições e ritos demais conhecidos dos esposendenses.
Com isto não advogo que as outras Festas sejam menosprezadas. Temos o Senhor de Fão como a primeira romaria minhota do calendário, temos a Senhora da Saúde de Esposende (a que mais me diz pessoalmente) que merece um maior apoio de toda a comunidade, as Festas de Santa Marinha em Forjães e as Festas da Nossa Senhora da Guia em Apúlia, todas elas altamente representativas das suas freguesias e devem ter a envolvência de toda uma comunidade.
Estou ciente de que com o cultiva do bairrismo das ultimas décadas, alimentada pela errada igual repartição de iguais recursos por todos em diversas áreas da vida do concelho, sem dar espaço a uma descriminação positiva do que deve ser descriminado positivamente, a proposta de tornar uma destas festas o estandarte não agradará a todos, e que alguns possam considerar injusta, mas quando tentamos dividir um bolo pequeno por todos, todos ficam apenas com uma fina fina no final do dia. E como teremos uma fatia maior para todos? Concentremos os recursos para um evento de referência e dividamos os proveitos por todos.
Não existe mais festas em Viana do Castelo do que a Romaria da Senhora da Agonia, ou em Barcelos para além das Festas das Cruzes ? Claro que existem, mas foram aquelas se tornaram o foco de atenção de todos os que vivem fora das fronteiras do concelho que merecem o contínuo esforço conjunto para que todos possam beneficiar desses grandes eventos.
Mantendo a originalidade e a tradição do São Bartolomeu do Mar, com um maior, e mais amplo, apoio por parte das forças vivas do concelho na divulgação e na organização logística das pessoas a aceder ao espaço do evento, e com mais motivos para ficarem por cá mais alguns dias, é certo que teremos um evento com mais sumo e produto que a todos os esposendenses beneficiará, independentemente da sua freguesia.
Se o conseguimos com o Festival da Juventude, com a Galaicofolia, com o Festival do Marisco, porque não o fazemos com uma Festa Popular?
Haja coragem e vontade de dar esse passo.