Os nossos valorosos canoístas renovam, assim, a sua qualidade de maiores embaixadores do desporto esposendense. Aliás, a canoagem é, por mérito próprio, a modalidade de excelência no desporto que se pratica em Esposende, como provam os resultados alcançados pelo Grupo Cultural Desportivo e Recreativo de Gemeses no último Campeonato Nacional de Fundo em canoagem.
Estranhamente, pouco se valoriza isso na nossa terra, pelo menos, nos termos merecidos. Por exemplo, quem entra em Esposende, seja pela A28, seja por alguma estrada nacional, não vê qualquer cartaz alusivo à ligação entre o concelho e a canoagem. Já se entrar em Ponte de Lima…
Entretanto, os principais clubes de futebol local vão arrancando com as suas novas temporadas, todos nas divisões distritais, a “Liga dos Últimos”, como retrataria o divertido e histórico programa televisivo com o mesmo nome.
Com saudades dos anos dourados da Associação Desportiva de Esposende, no início deste século, com a presença na 2ª Liga do futebol português, a verdade é que esses anos, nas circunstâncias atuais, são irrepetíveis.
Com os clubes locais sem conseguirem sair das divisões de baixo, alguns com recorrentes crises diretivas, impõe-se a pergunta: o que quer Esposende com o futebol? Por outras palavras, valerá a pena manter o paradigma atual, de distribuir apoios por “n” clubes, ou não será altura de promover a união de esforços e alavancar um único (novo?) clube, no âmbito do futebol sénior, masculino e feminino, tendo em vista atingir divisões mais altas do nosso futebol?
Esta é uma reflexão que valerá a pena tentar, como também valerá a pena refletir se não será altura de dar outro protagonismo à canoagem. Teresa Portela e João Ribeiro não vão pagaiar por muitos mais anos, e importa ir já trabalhando as novas promessas na modalidade, com potencial para alcançarem também sucesso desportivo.
Ora, como nem só de boa vontade vivem o Grupo Cultural Desportivo e Recreativo de Gemeses e o Clube Náutico de Fão, o Município pode e deve ser um importante e diferenciador parceiro, indo mais além dos apoios que vem usualmente atribuindo.
Por fim, a questão das infraestruturas. Foi anunciado um novo parque desportivo, com um custo estimado de 11 milhões de euros. É um investimento monumental que demorará anos a ser concretizado. Veja-se o que se passa com o Parque da Cidade, estimado por muito menos dinheiro e cuja concretização vegeta há mais de 10 anos…
Não seria mais curial, realista e prioritário dotar, antes, o concelho de um pavilhão gimnodesportivo moderno e eficiente, que servisse de casa das modalidades atuais e futuras?
Concluindo, Esposende pode e deve ambicionar um salto qualitativo no seu desporto local, mas esse intuito tem, necessariamente, de ser acompanhado de um repensar da sua política desportiva.