“Se eu tivesse uma filha que fosse violada, ou a minha mulher fosse violada, eu tentaria falar com ela e cuidava dessa criança. Não consigo sacrificar um inocente pelos crimes de um criminoso. Já falei com a minha mulher sobre isso, mas não me lembro do que ela disse”, esta foi uma das frases de Miguel Milhão, natural de Vila Verde, mas que diz que “não sou português” e é o fundador da Prozis, sendo mesmo o sócio maioritário.
https://www.youtube.com/watch?v=RC6iN8C6LeY
“Eu e a Paula”, diz o vila-verdense sobre quem manda na Prozis.
Esta antigo proprietário do Vilaverdense FC e fundador de uma Academia de futebol “Prozis Academy”, mas que fechou, deu uma entrevista a si mesmo, naquilo que diz ser um canal de Youtube para os funcionários da empresa a qual chama “Conversas do Karalho”.
O objetivo de Miguel Milhão, ao abrir o canal de Youtube ao público, era esclarecer sobre a posição que tomou – contra o aborta – e que tornou público num post do LinkedIn e que se tornou viral.
“It seems that unborn babies got their rights back in USA! Nature is healing!” (“Parece que os bebés por nascer recuperaram os seus direitos nos EUA! A natureza está a curar-se!”), escreveu Miguel Milhão, manifestando-se a favor da decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos em revogar a lei do aborto.
O post foi de tal forma polémico que está a gerar um virar de costas de muitos influencers que faziam publicidade à Prozis e também a baixar as compras destes produtos no mercado, havendo mesmo cancelamentos de encomendas.
No youtube Milhão acabou por começar a explicar que “Eu considero-me meio burro”.
“Para meio burro, consegui fazer algumas coisas na vida: fundei uma empresa, tornando-a grande, fiz uma família, visitei 90 países, vivi em quatro sítios diferentes, tenho carta de barco e de avião, fiz Filosofia na universidade…”, disse na transmissão live e que teve centenas de pessoas assistir.
Miguel Milhão disse que “sou incancelável” contra o aborto e com abertura do canal ao público apenas quiz explicar a sua posição.
“Fiquei surpreendido pela dimensão que a polémica gerou. Não estava à espera que tomasse estas proporções, que o pessoal fosse tão agressivo”, disse, para começar um conjunto de frases polémicas sem papas na línguas.
“Não preciso de Portugal, a Prozis não precisa de Portugal”, disse.
“Eu não vivo aqui, não tenho nada a ver com Portugal, não preciso de Portugal, não preciso da Prozis, tenho recursos ilimitados”, apontou ainda, dizendo que vive nos Estados Unidos e que não encontra nenhum português a favor do país onde vive.
“Os Estados Unidos se quisesse vira-se contra o globo e ganhava. Isto é um mundo”, frisou.
Numa monólogo por vezes “desconectado” e “embrulhado” nas ideias, onde chegou a dizer que “adoro a morte e ela está a chegar”, Milhão referiu repetiu várias vezes que “a Prozis não precisa de Portugal, é uma empresa internacional, será provavelmente a marca portuguesa mais conhecida fora do território. Vive do comércio exterior, 85% é exportação”.
Mas admitiu que “se nós perdermos dinheiro, ou sofrermos por causa disso, é uma fatura que temos que pagar”.
“Agora, não vamos ser manipulados por esta ‘mob’ [turba]. As minhas ideias são as minhas ideias, não são as da Prozis. A Prozis não tem ideias – é uma empresa que vive para produzir bens e serviços que tem como objetivo produzir lucro. É uma empresa privada, que tem acionistas, trabalhadores, parceiros, vários tipos de ‘stakeholders’, e todos eles têm opiniões diferentes”, destacou.
“Não gosto desta ‘mob’, destes filhos da puta. Podem todos deixar de comprar na Prozis”, frisou.
“Se matares o feto, matas tudo”, defende num direto com 45 minutos, destacando que “o tema aborto nem sequer é religioso, é ética”.
“Quando estava a tirar o curso de Filosofia fui o único da turma a ser contra o aborto”, recordou.
Sobre o ruído em torno da polémica, Miguel Milhão deu conta que “a ditadura das ideias, é a pior ditadura que há”.
“Para mim, isso é o princípio do fim das civilizações. Eu não ando por aí a perguntar: ‘Fizeste um aborto? Então vou destruir a tua vida. Não quero mulheres assim.’ Isto não tem lógica nenhuma. Eu sou contra o aborto e há aqui gente na Prozis que é a favor. E eu não ando aí a ver quem é a favor do aborto e dizer que a quero destruir, só por pensar diferente de mim”, deu nota.
Para explicar a sua posição, Miguel Milhão recorreu a gráficos.
“O desenvolvimento da vida e a sua permanência é o conceito da vida humana. Na minha forma de pensar, matar um embrião ou matar um feto, ou um recém-nascido, ou a criança é a mesma coisa, não há diferença”, destacou, considerando que a vida começa o momento da fecundação.
“Se eu matar um idoso, o que é que lhe roubei? As experiências que ele ia ter até morrer de morte natural. E roubaria às outras pessoas a sua presença e a sua energia. Mas se matasse um jovem adulto, roubava muito mais experiências. Se eu matasse uma criança, roubar-lhe-ia aquilo tudo. E se matares o feto, matas tudo. Se roubares o embrião, matas isso tudo”, considerou, dando nota que “eu era um candidato fixe para o aborto” quando contou que nasceu quando a mãe era solteira e tinha 19 anos.
“Nasci cego do olho esquerdo, a minha mãe era nova, tinha 19 anos, solteira, e eu era um candidato fixe para o aborto. Mas ela pensou diferente – na altura mandaram-na fazer e ela não fez, e aqui estou. Sei que estou a fazer um bom trabalho e não é por estar a salvar o mundo, é porque sei que ao meu redor as pessoas estão mais felizes. Isso é que é uma vida útil de serviço”, frisou, Miguel Milhão, o empresário que controla a Prozis, que é uma das maiores empresas de nutrição desportiva da Europa e que tem sede entre a Maia e Esposende.