O Padre Max. Foi há 48 anos que ocorreu um dos casos mais sangrentos do período pós-PREC: o assassinato do padre Maximino Barbosa de Sousa, ocorrido em 2 de abril de 1976 em Vila Real.
O crime foi sempre apontado a terroristas de extrema-direita do Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP).
Apesar de um dos executores ter confessado o crime, os tribunais nunca o julgaram.
O assassinato do padre Max e as falhas na investigação destacam-se como momentos sombrios da história portuguesa pós-25 de Abril, em uma época marcada por uma série de atentados relacionados com a contrarrevolução, ainda sem responsáveis identificados até hoje.
Em Braga surgem por vezes, especialmente na data da efeméride, pichagens nas paredes da cidade questionando “Quem matou o Padre Max”, assim como a estátua do cónego de Melo, figura ligado ao MDLP, é por diversas vezes vandalizada, pois é por muitos considerado uma das pessoas relacionadas com este crime.
A bomba no carro do Padre Max
O padre Max e a estudante Maria de Lurdes Correia entraram no carro do sacerdote, onde uma bomba havia sido colocada pelos terroristas.
A bomba explodiu durante o percurso, resultando na morte imediata de Maria de Lurdes e deixando o padre Max gravemente ferido. Acabou por falecer pouco tempo depois.
A investigação inicialmente considerou o crime como passional, ignorando suas motivações políticas.
O MDLP foi posteriormente identificado como responsável pela explosão, porém, nenhum dos mandantes foi identificado e todos os acusados foram absolvidos.
O padre Max era candidato da UDP (União Democrática Popular) às primeiras eleições livres para a Assembleia da República, que ocorreriam 23 dias após o assassinato.
O MDLP, liderado pelo general Spínola e por Alpoim Calvão, foi um dos “exércitos” da contrarrevolução responsáveis por 566 ações violentas no país entre maio de 1975 e abril de 1977.
Alguns membros do MDLP ainda estão vivos, como Diogo Pacheco de Amorim, atual vice-presidente da Assembleia da República pelo partido Chega, que foi dirigente do movimento.
Não existem provas de envolvimento em ações específicas, além de sua participação na composição do hino nacionalista “A ressurreição”.