Olga Pereira, vereadora e militante do PSD de Braga, expressou descontentamento com o processo de escolha do candidato à presidência da Câmara de Braga do PSD, acusando João Granja, presidente da Comissão Política Concelhia social democrata, de não ter tido a “atitude conciliadora” necessária, apesar de a ter prometido publicamente.
A eleição interna, que visava definir o sucessor de Ricardo Rio nas eleições autárquicas de 2025, resultou na escolha de João Rodrigues, também vereador da Câmara de Braga.
A escolha está a gerar desconforto, sabendo o E24 que João Rodrigues é “a tempestade perfeita” para os socialistas, que assumiram ao E24 que um candidato como a Olga Pereira, Rui Sá Morais, Altino Bessa ou Miguel Macedo ia trazer mais “dificuldades na reconquista de Braga para o PSD”.
Aliás, o E24 sabe que o líder da concelhia do PS, Pedro Sousa, queria mesmo João Rodrigues como candidato, pois este será o candidato que, na teoria, será o mais fácil de derrotar face a factos que os socialistas vão abordar na alegada gestão danosa, como por exemplo na área do urbanismo.
Mesmo entre os sociais democratas João Rodrigues não é consensual. O próprio edil bracarense manifestou por diversas vezes “outro rumo” para a escolha do candidato às autárquicas do PSD. Ricardo Rio sempre foi a favor a nomes como Olga Pereira e Rui Sá Morais, que têm ao seu lado empresários, académicos e autarcas de juntas.
Autarcas estes a quem já foi apresentando um abaixo-assinado para manifestar apoio ao candidato de João Granja.
Algo que João Granja nega que tenha vindo de si, mas sim “um grupo de presidentes de Junta da Coligação tomaram a iniciativa de fazer um texto e um abaixo assinado a apoiar o João Rodrigues”.
“Foi lido na passada reunião da Comissão Política de Seção do PSD”, confirmam várias pessoas presentes no local.
Ora o E24 sabe que, a própria coligação “Juntos por Braga” pode mesmo estar em causa, face ao peso que Altino Bessa tem, assim como a própria Iniciativa Liberal que pode recuar numa eventual coligação a quatro (PSD PPD, CDS-PP, PPM e IL).
“Altino Bessa teve um papel importante”
Luís Pedroso, vice-presidente do CDS-PP e presidente da UF Maximinos, Sé e Cividade, afirmou ao E24 que está ao lado de Altino Bessa e concorda mesmo que é preciso ter em conta o nome do líder do CDS-PP de Braga.
“Não é um vereador qualquer”, referiu, destacando o papel importante que teve na gestão da Câmara de Braga.
Assumindo também ele disponível para continuar na política, apesar de ter atingido a limitação de mandatos na UF de Maximinos, Sé e Cividade, Luís Pedroso reconhece legitimidade em João Rodrigues para ser candidato, mas lembrou que suceder a Ricardo Rio não será fácil, reconhecendo também virtudes naqueles que o PSD de Braga não escolheu.
“Rui Sá Morais desempenhou um papel importante na AGERE. A Olga tem muitas virtudes em pastas importantes e muito conhecedora das matérias”, disse.
Candidatura tardia
No entanto, Olga Pereira revelou que a decisão de assumir candidatura foi tomada tardiamente, mas que foi motivada por fatores externos ao processo eleitoral propriamente dito.
Olga Pereira criticou a forma como o processo foi conduzido, sublinhando que “esperava uma maior abertura por parte de João Granja para facilitar um diálogo mais inclusivo”.
Segundo Olga Pereira, o presidente da concelhia não geriu bem o processo, o que a levou a avançar com a sua candidatura.
A vereadora, que dirige pelouros importantes como os das Obras Públicas e Equipamentos, reforçou que possuía todas as condições necessárias para liderar a Câmara de Braga, destacando o seu currículo profissional, político e autárquico, assim como os resultados do seu trabalho em áreas chave.
Apesar da derrota, Olga Pereira respeita a decisão dos membros da concelhia que votaram maioritariamente em João Rodrigues, mas sublinha que era importante afirmar a sua posição.
“Respeito imenso o João Rodrigues e não há qualquer desavença entre nós”, garantiu, enfatizando que o seu relacionamento com o colega de executivo se mantém positivo. Ela também afirmou que ainda não decidiu se integrará a equipa de João Rodrigues, caso este seja confirmado como o candidato oficial do PSD para as eleições de 2025.
João Granja tranquilo
Por seu lado, João Granja, e em declarações à RUM, reagiu às acusações de Olga Pereira com estranheza, afirmando que o processo decorreu dentro dos parâmetros estatutários e que todos os envolvidos tiveram a oportunidade de se expressar livremente.
Granja mostrou-se “de consciência tranquila” quanto à sua condução do processo e elogiou a participação dinâmica e elevada durante as discussões internas. Em relação às críticas de Olga Pereira, referiu que não compreende a que “circunstâncias” ela se refere, mas destacou que a democracia funcionou e que o resultado reflete a vontade dos membros do partido.
O processo de escolha do candidato contou com 12 votos a favor de João Rodrigues, enquanto Olga Pereira obteve apenas três votos, com um voto nulo. Embora o resultado não tenha correspondido às expectativas de Olga Pereira, João Granja considerou natural que os membros da concelhia tenham feito as suas escolhas dentro do processo democrático.