Uma mulher de 45 anos foi detida pela Polícia de Segurança Pública (PSP) na sequência de uma agressão a uma médica no serviço de urgência do Hospital de Barcelos.
O incidente ocorreu na passada quinta-feira, quando a profissional de saúde foi atacada com um murro no rosto enquanto desempenhava as suas funções.
Alertada para o sucedido, a PSP de Barcelos deslocou-se de imediato ao local e deteve a alegada agressora, que será hoje presente a tribunal para a aplicação das respetivas medidas de coação. O caso está a ser investigado pelas autoridades, que procuram apurar as circunstâncias e motivações da agressão.
A administração da Unidade Local de Saúde de Barcelos e Esposende (ULSBE) informou que, até ao momento, não fará quaisquer comentários adicionais sobre o caso, reservando-se para emitir um comunicado oficial numa fase posterior.
Episódios de violência em serviços de saúde
Este incidente, lamentavelmente, insere-se numa preocupante tendência de aumento de episódios de violência contra profissionais de saúde em Portugal.
De acordo com dados divulgados pelo gabinete de segurança do Ministério da Saúde e avançados pelo jornal *Público*, foram registados mais de dois mil casos de violência em hospitais e centros de saúde durante o ano de 2023.
As agressões, que incluem episódios de violência física e verbal, resultaram em cerca de 3.300 dias de baixas médicas por parte dos profissionais de saúde afetados. Estes dados revelam a crescente pressão e tensão vividas nos serviços de saúde, especialmente em contextos como os serviços de urgência, onde a sobrecarga de trabalho e os tempos de espera podem contribuir para situações de conflito.
Além disso, 23% dos profissionais de saúde queixaram-se de ter sofrido pelo menos um episódio de violência no último ano, sendo que muitos outros casos, especialmente de violência verbal, podem não ter sido formalmente reportados.
FNAM pede mais médicos e melhores condições de trabalho
Em reação a estes números, a presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá, destacou que estas situações são reflexo direto da falta de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Se o SNS tivesse médicos em número suficiente e com condições dignas de trabalho, muitos destes episódios poderiam ser evitados”, afirmou.
Bordalo e Sá lamenta ainda que o Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde, aprovado em 2022, continue por regulamentar. Este plano prevê a presença de agentes policiais em unidades de saúde para reforçar a segurança, mas a sua implementação permanece por concretizar.
A dirigente sindical apela à nova Ministra da Saúde para que dê prioridade à resolução deste problema. “Esperamos que haja sensibilidade para avançar rapidamente com negociações que garantam melhores condições para os médicos e maior segurança para todos os profissionais de saúde”, referiu.
Violência afeta confiança nos serviços de saúde
Casos de violência como o ocorrido no Hospital de Barcelos não apenas colocam em risco a segurança dos profissionais de saúde, mas também afetam a confiança e a perceção de segurança por parte dos utentes.
A FNAM alerta que situações de agressividade contra médicos, enfermeiros e outros profissionais geram um impacto psicológico significativo e comprometem a qualidade do atendimento prestado.
A Unidade Local de Saúde de Barcelos e Esposende (ULSBE) é uma entidade integrada no Serviço Nacional de Saúde (SNS), responsável pela prestação de cuidados de saúde à população de Barcelos e Esposende.
A ULSBE engloba unidades hospitalares, cuidados de saúde primários e continuados, com o objetivo de garantir acessibilidade e eficiência no atendimento à comunidade.
Os desafios enfrentados pelos profissionais de saúde, como a violência no ambiente de trabalho, reforçam a necessidade de políticas eficazes que promovam a segurança e o respeito nos serviços públicos de saúde.