O desporto no concelho de Esposende precisa de ver regressar as competições de futebol sénior de 11 de nível concelhio, ou como são chamadas em muitos locais, os campeonatos populares.
Olhando para o entusiasmo e a grande recetividade que o Torneio Inter-Lugares das Marinhas têm, que o Torneio do Antas FC tem e até das Jornadas Desportivas de Palmeira de Faro, é claro que o futebol sénior amador popular têm pernas para andar, e jogar, dentro do concelho.
Sou daqueles que acredita que uma política desportiva de um concelho não pode começar e acabar no desporto de formação e que faz falta promover e fomentar a prática desportiva acima dos 18 anos e que não se limite a desporto de alta competição e desportos individuais.
Se olharmos para os nossos vizinhos, Póvoa de Varzim e principalmente para Barcelos, é claro que estes campeonatos populares têm uma grande implementação e atenção nos seus concelhos, acompanhados com grande entusiasmo e estendem pelo seu concelho o associativismo e um sentimento de compromisso a todos os agentes desportivos envolvidos.
Pensando de um ponto de vista organizacional, é necessário fazer um arranque desta competição com apoio das entidades oficiais estando em paralelo a ser criada uma associação de clubes do concelho autónoma, que trataria da organização numa 2ª fase, passando a ser um órgão autónomo e de órgãos sociais eleitos .
Sendo ainda mais ousado e baseado no modelo alemão do desporto amador (que penso que dá resultados comprovados no mundo do desporto amador) esta associação poderia ter também um papel de coletivização e parceiros e patrocinadores para os clubes inscritos, desde os contratos de luz à fisioterapia até passando por serviços de logística, facilitando a vida dos clubes.
E teria uma competição popular viabilidade? Penso que sim.
Primeiro, a inexistência de equipas de futebol sénior em grande parte das freguesias.
Das 15 freguesias que existem no concelho, apenas 5 têm equipas séniores de futebol, havendo um espaço natural de crescimento, sendo que em grande parte destas freguesias onde não existem equipas existem pelo menos um campo com as dimensões mínimas. Se nas provas oficiais ainda existem campos pelados, não precisamos de ter unanimidade nos relvados sintéticos ou naturais.
Segundo, um campeonato com baixos custos relativamente aos distritais.
A competição distrital organizada pelas Associações de Futebol podem representar, entre arbitragens e segurança exigidas, centenas de euro por jogo, tendo um impacto de milhares de euros no orçamento no final da época. Se juntarmos a isto as inscrições de jogadores no inicio de época e inscrições de equipa temos mais alguns milhares de euros a serem despendidos por defeito.
Com um campeonato popular, de taxas mais reduzidas, teríamos uma previsão orçamental bem mais interessante para quem participasse.
Terceiro, a vizinhança entre equipas.
Sendo as equipas geograficamente próximas, teríamos desde logo menores custos de deslocação, representando mais uma economia relativamente às competições distritais.
Depois, com um campeonato de 6 ou 8 equipas a diversas voltas, é garantia de dérbis todas as semanas, com as pessoas a poderem ver os jogos quase à porta de casa, garantido uma boa bilhética e receitas de bar , sempre importantes nas contas das associações desportivas.
Quarto, a continuidade desportiva.
Um campeonato popular permitirá a que muitos atletas não abandonem a prática desportiva quando atingem a idade adulta, podendo continuarem como jogadores, treinadores e até árbitros.
Quinto e último, o associativismo é espalhado.
Será um dos bons motivos para que se voltem a reconstituir, ou repensar, as associações locais e também novas associações concelhias que enriquecem o nosso panorama associativo e nos enriquecem como comunidade.