O deputado do PSD Carlos Reis anunciou hoje que suspenderá o seu mandato na Assembleia da República no final do mês, após perder a “confiança política” da direção do grupo parlamentar.
No entanto vai continuar na Câmara de Barcelos como vereador.
O E24 questionou, via mail o gabinete de comunicação na passada quarta-feira às 17h30, o presidente da Câmara de Barcelos quanto à confiança política em Carlos Reis, mas este não respondeu até ao momento.
Apesar de discordar da posição da bancada, afirmou que respeita a decisão.
“O limite que eu coloco é a confiança política e, se o grupo parlamentar entende que não há confiança política, não vou continuar“, declarou o deputado em entrevista à SIC Notícias.
Arguido no processo Tutti Frutti, Carlos Eduardo Reis reiterou que, caso dependesse apenas da sua vontade, continuaria a exercer o mandato e aguardaria a acusação definitiva do Ministério Público.
Para ele, a suspensão do mandato deveria ocorrer apenas após a fase de instrução, se fosse pronunciado.
“A minha opinião é que deveria continuar, mas no final do mês, depois de cumprir as obrigações que tenho até lá, suspenderei funções no grupo parlamentar”, afirmou.
Carlos Reis é um dos 60 arguidos do processo, acusado pelo Ministério Público por crimes de corrupção, prevaricação, branqueamento e tráfico de influência. O também deputado do PSD Luís Newton consta da mesma lista e já anunciou que pedirá a suspensão do mandato.
O líder parlamentar social-democrata, Hugo Soares, solicitou diretamente a Carlos Eduardo Reis, que também exerce funções como vereador em Barcelos, que seguisse o exemplo de Newton e suspendesse o mandato.
Entretanto, o secretário-geral do PSD garantiu que nenhum presidente de junta acusado de “crimes de relevância” será candidato pelo partido nas próximas eleições autárquicas.
Em declarações à SIC, Carlos Eduardo Reis reafirmou a intenção de manter-se no cargo de vereador na Câmara Municipal de Barcelos até ao final do mandato.
“Não tive oportunidade de falar com o presidente da câmara, mas penso que em Barcelos se cumpre a lei”, disse.
O deputado também dirigiu críticas veladas a Hugo Soares, lamentando que a reunião que esperava realizar com o líder da bancada tenha sido substituída por uma discussão pública.
“Se fosse líder do grupo parlamentar, chamaria os envolvidos e trataria a questão de forma mais discreta, sem ser ao ritmo do Jornal da Noite”, afirmou.
Carlos Eduardo Reis justificou a demora na sua decisão por estar em Paris a participar numa conferência da OCDE no momento em que foi conhecida a acusação. Disse ainda ter sido “notificado pela imprensa”, uma vez que não recebeu qualquer notificação formal das autoridades.
Criticou ainda a rapidez das reações políticas, referindo-se ao atual ambiente como “política fast food” e defendendo a presunção de inocência.
“O grupo parlamentar acusa mais rápido que o Ministério Público”, apontou, acrescentando que não pretende transformar o caso numa disputa com a liderança do partido.
“Se o meu partido entende que não há confiança política para continuar, não continuarei”, concluiu.