Moradores da Avenida João Duarte, situada na freguesia de Arcozelo, em Barcelos, iniciaram recentemente um abaixo-assinado contra a possível atribuição de habitações desocupadas a famílias de etnia cigana.
Esta ação gerou reações diversas entre as autoridades locais e partidos políticos.
O Bloco de Esquerda (BE) manifestou-se contra o abaixo-assinado, classificando-o como uma forma de “discriminação social e exclusão étnica”.
A concelhia do partido expressou “total contrariedade política e social” face ao panfleto que apelava à subscrição do documento, considerando a situação “grave” por constituir uma prática discriminatória.
Em resposta, a Câmara de Barcelos afirmou desconhecer “em absoluto a situação” e declarou que “não alimenta boatos”. Esta posição sugere uma tentativa de evitar a propagação de informações não confirmadas que possam alimentar tensões sociais.
O presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo, José Silva, embora ciente do abaixo-assinado, garantiu que não o irá subscrever, mantendo uma postura neutra face à iniciativa dos moradores.
Este incidente não é isolado no concelho de Barcelos.
Em abril de 2024, a Assembleia de Freguesia de Vilar do Monte rejeitou, por unanimidade, ceder um terreno à Câmara Municipal destinado à construção de habitação social. A decisão foi influenciada por protestos de dezenas de moradores que temiam que o terreno fosse utilizado para realojar a comunidade cigana residente junto ao campo do Andorinhas, na freguesia de Arcozelo.
Estas situações refletem desafios persistentes na integração das comunidades ciganas em Portugal. De acordo com o programa eleitoral do Bloco de Esquerda para 2024-2028, as pessoas racializadas enfrentam maior exposição ao desemprego, precariedade e segregação territorial, resultando em condições habitacionais precárias e dificuldades no acesso a serviços públicos.
O partido defende a necessidade de políticas públicas robustas para combater a discriminação racial e promover a igualdade.