A região do Alto Minho enfrenta um novo abalo económico. Após o anúncio do encerramento da fábrica da Coindu, em Arcos de Valdevez, que irá deixar 350 pessoas sem emprego até ao final do ano, a Cablerías, uma fornecedora espanhola do setor automóvel, declarou insolvência em Portugal, colocando em risco 250 postos de trabalho na unidade industrial de Valença.
Fundada em 2009 e com instalações também em Espanha e Marrocos, a multinacional com sede em Vigo é responsável pela produção de componentes automóveis.
Apesar da crise, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) sublinha que o problema não reside na falta de trabalho, mas sim em dificuldades de financiamento e ausência de investidores interessados.
Ameaça de despedimentos coletivos
O sindicato expressou profunda preocupação com a situação, destacando o impacto que a possível falência terá nos trabalhadores e na economia local.
“A maioria dos trabalhadores temporários já foi dispensada, e agora estão em causa 250 postos de trabalho diretos na fábrica de Valença”, afirmou a organização sindical.
Em resposta à crise, foi nomeado um administrador de insolvência para gerir os próximos passos da empresa, incluindo a viabilidade de um possível processo de recuperação. Segundo o SIMA, a Cablerías comprometeu-se a garantir o pagamento dos salários de dezembro e do subsídio de Natal.
No entanto, a partir de janeiro, todas as decisões financeiras dependerão exclusivamente do administrador.
Apelo às autoridades para salvar empregos
Num apelo público, o sindicato pediu às autoridades competentes que explorem todas as soluções possíveis antes de optarem pelo encerramento definitivo da fábrica.
“Encontrar investidores poderia salvar muitos postos de trabalho e atenuar o impacto na economia local”, argumentou o SIMA.
A comissão executiva do sindicato alerta ainda para o impacto transversal da situação, que afeta outras unidades da Cablerías, especialmente em Espanha e Marrocos. “Além dos trabalhadores, a economia regional sofrerá um abalo significativo”, acrescenta o comunicado.
Reação local e silêncio da empresa
A Câmara Municipal de Valença, que afirma ter tomado conhecimento do caso através da comunicação social, tenta agora contactar os responsáveis pela Cablerías para obter esclarecimentos.
“Queremos perceber a gravidade da situação e avaliar o que está realmente em causa”, informou uma fonte oficial do município.
Até ao momento, o grupo Cablerías não forneceu declarações públicas, nem respondeu aos pedidos de esclarecimento feitos pela imprensa.
Alto Minho em alerta
Com a Coindu a fechar portas em Arcos de Valdevez e a Cablerías em risco de seguir o mesmo caminho, o setor automóvel, pilar fundamental da economia do Alto Minho, vive tempos de incerteza. A esperança dos trabalhadores e das comunidades locais repousa agora em possíveis investidores que possam resgatar a empresa e evitar mais um duro golpe para a região.
O futuro da Cablerías permanece, por enquanto, envolto em incerteza, enquanto as famílias dependentes deste emprego aguardam por respostas e ações concretas que assegurem o seu sustento.