O E24 foi ao encontro de Fernando Araújo, um dos fundadores da empresa que começou, à semelhança de tantas outras entre os vales do Cávado e Ave, por ser uma pequena confeção subcontratada.
“Nascemos a 3 de novembro de 1978. Eu e mais três irmãos iniciamos uma pequena confeção”, dá nota Fernando Araújo que trata cada funcionário com um familiar.
“Eles são a base fundamental da empresa”, fez questão de frisar.
O ano de 1978 era assim o início da uma jornada notável da Araújo Irmãos do concelho de Barcelos.
“Começamos como subcontratados de costura e tudo começou a crescer. Aliamos algumas ideias e uma base sólida profissional no que fazíamos e rapidamente crescemos”, disse à reportagem do E24 Fernando.
Ao longo das décadas, esta têxtil expandiu sua produção para incluir malhas, camisolas e t-shirts destinadas ao mercado exterior.
“Chegamos aos 200 funcionários. Mas a constante inovação tecnológica, associada a alguns períodos menos bons para o têxtil nacional, levou a que hoje sejamos 70 trabalhadores”, dá nota Fernando Araújo, que mesmo assim acaba por gerar cerca de 100 postos de trabalho indiretos.
“Hoje somos nós a subcontratar”, referiu Fernando.
Esta história de sucesso da empresa está longe de ser uma linha reta e vêm aí algumas curvas.
O negócio enfrenta desafios significativos e perspectivas incertas. As normas ambientais, no qual a empresa já dá algumas cartas com várias certificações, levam a que o setor do têxtil venha a curto prazo a enfrentar a economia “têxtil verde”.
“As questões ambientais e a alta formação dos quadros vão tornar este negócio mais criterioso. A produção de escala dará lugar a uma maior exigência e qualidade. Um pouco à semelhança do que aconteceu no calçado”, disse Fernando Araújo.
Localizada em Gilmonde desde 1986, a empresa procurou sempre não sair do concelho de Barcelos de forma a manter os colaboradores tranquilos. A Araújo Irmãos conta com tecnologia de última geração, um investimento de milhares e um compromisso constante com a inovação e a qualidade.
Os próximos 45 anos apontam para um cenário de transformação, onde o têxtil pode se tornar um artigo de luxo, quase uma espécie de “gourmet”.
“Isso exigirá uma mão de obra mais qualificada e a possibilidade de lançar marcas próprias ou voltadas para o mercado de luxo, em linha com as tendências globais”, frisa o empresário.
A sustentabilidade, o passaporte digital e as regulamentações ambientais também são fatores que estão a moldar o futuro da indústria têxtil, onde a Araújo Irmãos quer dar passos certos.