A recente publicação do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre as exportações confirma o papel crucial da região do Cávado-Ave no superavit da balança de pagamentos nacional, mas Barcelos está em queda.
A região Norte registou um superavit de 2.425 milhões de euros, sendo que 2.409 milhões, ou seja, 99,4%, provêm exclusivamente do Cávado-Ave.
Apesar deste desempenho positivo, o setor do têxtil/vestuário atravessa um momento difícil, refletindo-se numa quebra de 12,2% nas exportações em Barcelos, o concelho mais afetado da região.
Globalmente, as exportações do concelho caíram 9%, enquanto Braga registou um crescimento de 4,6%.
A tendência negativa não se restringe a Barcelos. Entre 2023 e 2024, as exportações diminuíram 0,7% no Cávado e 3,4% no Ave, refletindo a instabilidade económica nacional e internacional. A previsão para 2025 também não é animadora, exigindo medidas urgentes para evitar um agravamento da situação.
Albuquerque preocupado
João Albuquerque, presidente da Associação Comercial e Industrial de Barcelos (ACIB), expressa preocupação.
“A nossa região é um motor do empreendedorismo e crescimento económico, mas a quebra no setor têxtil é um alerta. Há demasiado tempo que chamamos a atenção para a necessidade de ações concretas de apoio”, afirma.
A ACIB tem apelado ao Município de Barcelos para a implementação de um plano de investimentos que impulsione a capacitação empresarial e proteja o emprego.
A associação recorda que as empresas locais contribuem anualmente com mais de 15 milhões de euros para o orçamento municipal, para além das dezenas de milhões para o orçamento nacional.
Crise preocupante
A crise do setor têxtil é particularmente preocupante, dado que Barcelos depende em 70% desta indústria. Assim, a tomada de medidas rápidas e coordenadas entre entidades locais, regionais e nacionais torna-se essencial.
No panorama geral, as exportações de têxtil/vestuário na região Cávado-Ave caíram 6%. No entanto, há destaques positivos.
Viana do Castelo registou um aumento de 14,8% nas exportações em 2024, ultrapassando Barcelos em 258 milhões de euros.
Em 2023, ambos os concelhos estavam equiparados, mas a implementação de políticas favoráveis pelo Município de Viana tem feito a diferença.
João Albuquerque reforça a necessidade de um plano regional abrangente.
“Precisamos de uma estratégia conjunta entre vários municípios, o Governo e as associações empresariais. Só assim conseguiremos apoiar as empresas, fortalecer os setores económicos e garantir a estabilidade do emprego. Não há tempo a perder”, destaca.