O inquérito interno ordenado por Luís Montenegro sobre o caso Tutti Frutti, alegadamente envolvendo pactos secretos entre PSD e PS nas autárquicas de 2017, concluiu sem identificar violações estatutárias por parte dos sociais-democratas.
Conduzido pelo ex-ministro Carlos Costa Neves, atual secretário-geral do Governo, o relatório foi entregue à direção do partido em maio, após um ano de investigação.
Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, confirmou que nenhum procedimento disciplinar será aplicado aos envolvidos.
Apesar da conclusão partidária, o Ministério Público continua a investigar o caso Tutti Frutti, que se arrasta há quase uma década. Segundo fontes da Procuradoria-Geral da República, os procuradores do DIAP de Lisboa estão a finalizar a análise da vasta documentação recolhida, prevendo-se a emissão de acusações em breve.
O processo, que envolve crimes de corrupção, prevaricação e burla, já conta com cerca de 60 arguidos, entre eles figuras de destaque do PS e do PSD.
No centro da polémica do Tutti Frutti, surgem acusações de um alegado pacto entre dirigentes do PSD Lisboa e Fernando Medina, então presidente da Câmara de Lisboa, para manipular a vitória em determinadas juntas de freguesia. Escutas telefónicas divulgadas apontam que o objetivo seria apresentar “candidatos fracos” do PS para favorecer o PSD em alguns territórios.
Entre os nomes implicados, destaque para Carlos Eduardo Reis, deputado e vereador da Câmara de Barcelos. O seu envolvimento levou ao levantamento da imunidade parlamentar, autorizado pela Comissão de Transparência e Estatutos dos Deputados.
Também Ângelo Pereira, vereador e líder distrital do PSD Lisboa, e Inês Drummond, vereadora socialista, figuram na lista de arguidos.
Montenegro, que inicialmente prometeu uma conclusão em dois meses, afirmou que o objetivo do inquérito interno era garantir o respeito pelas regras estatutárias e pelos valores democráticos.
“Não pactuaremos com qualquer tipo de corrupção democrática”, reforçou.
Contudo, a sombra do segredo de justiça e a iminência de acusações judiciais mantêm o caso Tutti Frutti no centro do debate político e mediático.