O discurso sobre as políticas para aumento dos salários muitas poucas vezes se referem a quem não têm um curso universitário.
Frases como “retenção de talento”, “emigração de qualificados”, “reter o valor acrescentado” são um exclusivo dos postos de trabalho que requerem qualificações universitárias, deixando todos aqueles que não seguiram a via universitária num segundo plano destas linhas de orientação e acção públicas.
Num concelho com as características de Esposende, onde mais de 80% dos trabalhadores não têm formação universitária, onde quase 60 % da população activa trabalha no sector primário e secundário, onde existe uma forte deriva para a atividade turística nos empregos criados, mais premeável à sazonalidade, uma ausência de políticas públicas nestes sectores têm como resultado um salário abaixo da média nacional, com o salário médio do trabalhador nas indústrias esposendenses continua cerca de 200€ mensais abaixo da média nacional.
É então necessário uma acção política que valorize os trabalhadores destas indústrias.
Uma valorização destes trabalhadores está dependente de 2 factores: capacidades técnicas que possuem e empresas que necessitem delas e as consigam pagar pelo seu valor acrescentado.
A primeira, e a mais primordial, é aquela que está ao nosso alcance para melhor controlar, administrar e planear, quer seja um esforço do empregador quer seja das instituições públicas. Se a primeira opção permite a economia aos cofres públicos, a realidade é que ao serem contratados com menores qualificações também os seus valores salariais serão menores e a progressão salarial também será ela mais dilatada no tempo, então é lógico dizermos que para termos uma verdadeira valorização salarial, e mais rápida, devemos garantir que os trabalhadores que acedem ao mercado de trabalho tenham as maiores qualificações possíveis, em especial para os trabalhadores do sector primário e secundário, ou seja, da Indústria transformadora.
Também é claro e conhecido que uma região que disponha de profissionais qualificados torna-se sempre mais atractiva para que mais empresas se instalem cá do que o contrário.
No caso de Esposende, e a forte preponderância das atividades turísticas das nossas entidades formadoras profissionais, esta necessidade de imprimir maior qualificação aos trabalhadores industriais é ainda mais urgente.
Para tal, o concelho de Esposende têm de obrigatoriamente passar a ter uma Escola Industrial (agora designada Centro Tecnológico Especializado).
Com a criação de cursos profissionais na área industrial, ou os CTE para quem já terminou o 12º ano, poderemos garantir que uma boa parte de quem não prosseguiu estudos na Universidade, consigam aceder a uma primeira especialização e afinamento das suas qualificações, tornando-os mais valorizados, mais empregáveis, com maior valor para o seu empregador, logo com maiores salários e permitindo às empresas esposendenses que contratem em proximidade.
E olhando para a nossa realidade económica esposendense, podemos com alguma confiança apontar algumas áreas onde estes técnicos qualificados seriam apreciados: Manutenção Industrial, Técnicos Operacionais da Indústria Têxtil, da Metalomecânica, da COnstrução Cívil ou das atividades agrícolas, desenhadores da CAD, Orçamentistas e até soldadores, ou mesmo técnicos na área da Qualidade.
Desculpem se me esqueci de alguma área, mas com fornadas de gente qualificada a terem a possibilidade de estagiarem em empresas no concelho e a prosseguirem a sua vida profissioanal a partir dai, o nosso tecido empresarial passará a contar com recursos humanos que fixem não só pessoas mas também empresas, e que sejam uma alavanca na mudança do paradigma da economia esposendense.
É claro para mim que a Escola Profissional de Esposende deverá ter um forte papel na criação desta nova vertente industrial, que terá as dificuldades de quase criar uma escola de raiz, e que terá de contar com mais recursos alocados por parte da tutela pública e das associações comerciais do concelho.
Serão precisos novas instalações, adequadas aos trabalhos, comprar os diversos equipamentos industriais para as aulas práticas, contratação de professores com passado industrial, criar parcerias com as empresas industriais esposendensesempresas industriais esposendenses, e após a primeira formação de alunos acompanahr que áreas deverão ser o foco.
Sei que não será um investimento leve, mas no final teremos mais e melhores profissionais a viver no concelho, mais qualificados, mais valorizados a valorizarem também toda a sua comunidade e isso torna este desafio mais do que um desafio cativante, um desafio decisivo no futuro do concelho.
Parece-me uma boa ideia a investir.
Parece-me uma boa ideia a investir.