Benjamim Pereira, candidato à Assembleia Municipal pelo PSD, esclareceu em entrevista ao programa “Sentido Único” do E24, a polémica em torno do alegado convite a Carlos Silva para liderar a candidatura social-democrata à Câmara de Esposende.
O autarca desmentiu categoricamente que tenha sido feito qualquer convite formal a Carlos Silva para encabeçar a lista.
“Tenho o maior respeito pelo Dr. Carlos Silva enquanto médico, é um excelente profissional. No entanto, é falso que tenha existido um convite da minha parte para que liderasse a candidatura”, afirmou Pereira.
Explicou que, face aos limites legais de mandatos, foi auscultando diversas figuras locais sobre o futuro do projeto político, incluindo Agostinho Silva, Guilherme Emílio, entre outro.
“Isso não corresponde a um convite formal”, sublinhou.
Benjamim Pereira, também presidente da IHRU, acusou os promotores da candidatura independente de Carlos Silva de procurarem “enganar os esposendenses”, ao sugerirem que houve uma preterição.
“O processo de escolha de candidatos é feito com ponderação, envolvendo a Comissão Política e outras entidades antes de se formalizar qualquer convite”, clarificou.
Sobre o envolvimento político de Carlos Silva, Benjamim Pereira foi direto: “Encantou-se com a política, com os discursos, com a visibilidade”.
“Mas ser presidente da Câmara é muito mais do que isso. Exige trabalho diário, dedicação e contacto permanente com os munícipes e empresas”, frisou.
Criticando a decisão de avançar com uma candidatura independente, Benjamim Pereira classificou-a como “irresponsável” e “divisiva”. Lamentou a instabilidade gerada no seio do partido, reforçando que “todos tinham lugar no projeto”. “Sempre elogiaram o meu trabalho e, de repente, tudo mudou”, observou.
Pereira também comentou as dissidências internas no PSD, nomeadamente a saída de Carlos Silva e Alberto Figueiredo, considerando-a um “ato de cobardia política”.
“Quando tiveram oportunidade de apresentar o seu projeto aos militantes, optaram por sair. Se acreditavam no que defendiam, deviam ter enfrentado o plenário”, declarou.
Sublinhou ainda a legitimidade do processo interno que culminou na escolha de Guilherme Emílio como candidato à Câmara.
“Foi uma votação clara e democrática. 14 votos contra e uma abstenção na candidatura de Carlos Silva. Já Guilherme Emílio teve 14 a favor e uma abstenção”, indicou.
Sobre o regresso de Alberto Figueiredo à vida política, considerou-o legítimo, mas apontou um “desfasamento da realidade”.
“É um homem com 75 anos, desatualizado face às exigências da sociedade atual”, afirmou, criticando declarações sobre o projeto do ensino superior em Esposende como “ridículas”.
Rejeitando qualquer interferência futura no Executivo, Benjamim Pereira garantiu que, se for eleito presidente da Assembleia Municipal, manterá uma postura de colaboração e respeito institucional. “Cada um convive com as suas atitudes. O passado está resolvido. Agora importa o presente e o futuro de Esposende.”
Benjamim Pereira e convite de Luís Montenegro o legado de 15 anos na Câmara de Esposende
Benjamim Pereira frisa que a decisão de ser candidato à Assembleia Municipal é feito com base “no amor” que tem pelo concelho e a necessidade de garantir “estabilidade política” num contexto que considera desafiante.
Após três mandatos autárquicos, Benjamim revelou ter recusado diversos convites antes de aceitar o desafio lançado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro para integrar o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), função que atualmente desempenha.
“Foi um convite irrecusável numa área crucial como a habitação, à qual o primeiro-ministro quis dar prioridade, a par da saúde”, afirmou.
Apesar do “sacrifício pessoal” que representou mudar-se para Lisboa, Benjamim aceitou o cargo por acreditar poder servir os portugueses num setor carente de soluções.
No entanto, mantém-se ligado ao território que o viu crescer politicamente.
“Não posso virar costas a Esposende. Tenho um carinho enorme pelas pessoas desta terra, com quem construí uma relação de 20 anos.”
A candidatura à Assembleia Municipal é, segundo explicou, uma forma de continuar a contribuir para o desenvolvimento do concelho, num cargo deliberativo e compatível com as suas funções no IHRU.
“Não vou fazer obras, esse tempo passou. Estarei disponível para apoiar o executivo, caso a população me continue a confiar o seu voto.”
Sobre o seu legado como autarca, Benjamim Pereira destacou o aumento do orçamento municipal — que mais do que triplicou —, a aposta na sustentabilidade financeira e na captação de fundos comunitários.
“Começámos com um orçamento de 17,8 milhões de euros. Hoje temos um município com contas equilibradas e dezenas de obras estruturantes realizadas.”
Entre os projetos emblemáticos que liderou, mencionou as Ecovias, o Parque da Cidade, a requalificação da Escola Secundária, a aquisição do Forte de São João Baptista e o investimento contínuo nas freguesias. Recordou ainda momentos marcantes como a homenagem ao piloto Paulo Gonçalves e a melhoria das acessibilidades ao Monte do Faro.
Em resposta às críticas de que não terá feito habitação em Esposende, foi perentório: “Quem diz isso, está a ignorar o trabalho da Esposende Solidário, que com a ajuda da autarquia e parceiros privados, realizou mais de 400 intervenções em casas de pessoas carenciadas.”
Acrescentou ainda que deixou projetos estruturados para a reabilitação de bairros, que espera ver implementados.
Sobre a polémica das transmissões das sessões da Assembleia Municipal, Benjamim foi claro: “Tudo o que for por mais transparência, tem o meu apoio. É importante que os cidadãos possam ver o trabalho dos seus representantes.”
O antigo autarca encerrou a entrevista reafirmando o seu compromisso com Esposende e a vontade de continuar a servir o concelho: “Tenho orgulho do que fiz e ainda mais vontade de contribuir.”
