“Face ao índices elevados detetados de monóxido de carbono, mas uns minutos e provavelmente teríamos uma tragédia aqui”, começou por referir ao E24 o comandante das operações de socorro, Miguel Guerra, dos Bombeiros Voluntários de Esposende (BVE).
Mãe e filha foram esta noite socorridas no centro da cidade de Esposende, na rua de São Domingos, depois de uma fuga de monóxido de carbono, ao que tudo indica de uma caldeira.
O alerta foi dado pela filha menor de nove anos, que acordou a mãe de 45 anos. Os vizinhos acabaram por ter uma primeira intervenção de ajuda.
Os BVE deslocaram para o local ambulância e viatura urbana de combate aos incêndios urbanos.
Segundo Miguel Guerra, as vítimas, depois de estabilizadas no local, foram transportadas para o Hospital de Braga.
Miguel Guerra confirmou, após medições, uma concentração elevada de monóxido de carbono.
“Ventilamos a casa. A mãe e filha, quando tiveram alta, vão ficar em casa de familiares”, referiu o também chefe dos BVE, acrescentando ainda que neste tipo de casos é “normal” as crianças sentirem primeiros os sintomas – dores de cabeça e sonolência – face à inalação do monóxido de carbono.
A GNR registou a ocorrência.
O que é monóxido de carbono?
É um gás produzido na combustão (queima) incompleta de combustíveis fósseis e outros materiais ricos em carbono, por exemplo, o gás, gasolina, gasóleo, gás de petróleo liquefeito, carvão, madeira, entre outros.
“É tóxico por inalação, mistura-se no ar ambiente e, por isso, acumula-se em espaços fechados. Os efeitos nocivos da sua inalação podem manifestar-se rapidamente e ser fatais. O facto de não ter cor (incolor) nem odor (inodoro), dificulta a sua identificação e facilita uma intoxicação, pois pode haver concentrações elevadas no ar e os gás ser inalado sem haver perceção disso”, frisou Miguel Guerra.
Quais são as origens possíveis de monóxido carbono em casa?
Entre as atividades humanas que podem estar associadas à produção de monóxido de carbono estão várias atividades domésticas que usam equipamentos que funcionam com diversos combustíveis.
A produção e acumulação de monóxido de carbono no ambiente acontece quando os equipamentos não estão bem instalados, estado de conservação é deficiente, a exaustão não é feita corretamente, a utilização não é feita da forma adequada.
Entre estes equipamentos estão, por exemplo, esquentadores e caldeiras a gás, fogões e fornos a gás, fornos a lenha. aquecimentos, lareiras, braseiras e outros sistemas de aquecimento a gás, lenha, ou outros combustíveis.
As garagens fechadas são também um local comum de potencial acumulação de monóxido de carbono, quando no seu interior estão ligados veículos motorizados ou outros equipamentos que funcionem a combustível.
Quem pode ter uma intoxicação por monóxido de carbono e como é que esta acontece?
Todas as pessoas que sejam expostas a concentrações elevadas de monóxido de carbono têm uma probabilidade significativa de inalar aquele gás e sofrer uma intoxicação, que pode ser fatal.
“O risco é ainda maior nas crianças e idosos, bem como nas pessoas com anemia, doenças respiratórias ou cardiovasculares, ou que na altura da exposição estejam a praticar uma atividade que exija esforço físico (e portanto maior esforço respiratório)”, explica Miguel Guerra.
Quando inalado, o monóxido de carbono liga-se à hemoglobina do sangue nos locais habitualmente ocupados pelo oxigénio, formando-se carboxihemoglobina. Para esta ligação, o monóxido de carbono compete com o oxigénio com uma afinidade para os locais de ligação 200-250 vezes mais elevada.
“Assim, quando há inalação de monóxido de carbono, a quantidade de hemoblobina disponível para transportar oxigénio no organismo diminui e os orgãos e tecidos deixam de receber oxigénio suficiente para o seu funcionamento, levando ao aparecimento de sintomas”, afirma Miguel Guerra.
Sintomas de intoxicação por monóxido de carbono
Os sintomas e a gravidade da intoxicação dependem da quantidade de carboxihemoglobina formada no sangue e esta está diretamente relacionado com o tempo de exposição, a quantidade de gás que é inalada.
“Os primeiros sintomas relacionados com inalação de monóxido de carbono são cansaço e sonolência, tonturas, dor de cabeça, dificuldade de concentração, dificuldade de coodenação de movimentos”, explicou Miguel Guerra.
Tratamento
As primeiras medidas perante uma suspeita de inalação / intoxicação por monóxido de carbono são sbrir as portas e janelas para arejar o local o mais possível, desligar o equipamento que é fonte de emissão ou, em caso de dúvida, todos os equipamentos de combustão (por exemplo, esquentador, caldeiras a gás, aquecedores de gás, lareira, etc.), sair do local e evacuar pessoas afetadas que não o consigam fazer por si.


