A renúncia de Carlos Silva à presidência da Assembleia Municipal de Esposende gerou diversas reações entre os diferentes quadrantes políticos.
A decisão, que já era esperada por alguns, levanta questões sobre a estabilidade política local e os impactos que poderá ter nas próximas eleições autárquicas.
Tito Evangelista, líder da bancada do Partido Socialista (PS) na Assembleia Municipal, sublinha que a saída de Carlos Silva era previsível.
“Era de esperar que saísse da presidência da Assembleia Municipal quando estivesse para anunciar a candidatura a presidente da Câmara pela lista dita independente, uma vez que os órgãos do PSD de Esposende não o quiseram. Se não pedisse a demissão, os deputados do PSD, de certeza, que apresentariam uma proposta de demissão da mesa, que seria aprovada para o afastar. Ou seja, saiu antes que o pusessem fora. Foi uma atitude prudente e defensiva”, afirmou.
Para Manuel Pereira, do Bloco de Esquerda (BE) de Esposende, a renúncia é um reflexo da confusão política e do “caciquismo” presente no município.
“Já vimos Benjamim Pereira sair da Câmara para ir para o IHRU e agora, para mim, ainda é pior. Pois Carlos Silva abandona a Assembleia Municipal por um querer pessoal e por uma disputa interna no PSD no que diz respeito a uma nomeação. Isso deixa-nos preocupados e ninguém garante que não haja mais demissões face a este processo autárquico”, alertou.
O BE apela à responsabilidade de todos para que cumpram os seus mandatos até ao fim e para que não transformem os órgãos autárquicos num campo de batalha política.
“Mas isso sempre foi uma norma no PSD. Alberto Figueiredo saiu da Câmara para ocupar um cargo de deputado em Lisboa, João Cepa incompatibilizou-se com o governo e saiu do PSD porque queria lugar nas legislativas, Benjamim saiu para o IHRU, e agora Carlos Silva sai por birra política por não ser candidato”, acrescentou.
O dirigente bloquista sublinha ainda que “Carlos Silva não tem qualquer capacidade para ser candidato a seja o que for, pois claramente não compreende o que é ser uma pessoa eleita para um cargo público”.
Já o CDS-PP de Esposende, pela voz de Tânia Lima da Mota, considera que a Assembleia Municipal tem sido dominada pelo executivo municipal e pelo PSD.
“Sempre entendemos que, naquele órgão local, o PSD, o que equivale por dizer, o executivo municipal, impunha tudo a todos. O que havia era uma aparência de discussão e muitos elogios da bancada do PSD ao comportamento do executivo, especialmente do seu presidente. No fundo, a chamada lei da rolha, porque só falavam do que mandavam falar, sem liberdade de dizerem o que verdadeiramente pensavam”, criticou.
A dirigente centrista espera que esta demissão represente “uma verdadeira pedrada no charco” e traga mais liberdade de pensamento e democracia local.
Por outro lado, Agostinho Silva, líder da concelhia do PSD de Esposende, desvaloriza o impacto político da saída de Carlos Silva, considerando-a uma decisão estritamente pessoal.
“A comissão política do PSD de Esposende apenas tem a dizer que a decisão de renúncia ao mandato de membro da Assembleia Municipal para o qual foi eleito é individual e que só diz respeito a quem a toma”, afirmou.
A demissão de Carlos Silva não é vista com agrado no seio da Assembleia Municipal e fora desta, podendo ser vista como a abertura de um caminho a uma candidatura independente, em tudo semelhante ao processo autárquico que levou João Cepa a criar um movimento independente às autárquicas em 2017.
O E24 aguarda ainda por uma reação de Marcelino Cunha e da CDU.