Já arrancou a 30ª edição o Festival de Paredes de Coura, que decorre no distrito de Viana do Castelo nas margens do Taboão.
A edição deste ano conta com “passado, presente e futuro assegurado” para marcar 30 anos de um dos mais significativos festivais de música em Portugal.
No primeiro de quatro dias de música encontramos Paulo Brandão, natural de Braga e antigo programador do Theatro Circo.
Há 25 anos que Paulo é um fã do festival que desde há 15 assiste de forma ininterrupta pelo “ambiente, sempre diferente, com muitas gerações” e, pela “capacidade de se transformar, renovar e adaptar”.
Este ano, na trigésima edição, em que são esperadas pela organização mais de 21 mil pessoas, trouxe uma das filhas, de 21 anos, a acampar pela primeira vez.
Para Paulo, o ‘Couraísco’, como já é conhecido, é a “oportunidade de rever amigos” e de comemorar, na quinta-feira, mais um aniversário.
“É sagrado. Faço anos no dia 15 de agosto [quinta-feira] e festejo sempre no festival, brindando com os amigos”, este ano “com muito mais gente”, do que na edição anterior.
Paulo não se lembra de todas datas em que assistiu a estreia de muitas bandas, mas lembra-se da estreia, em Paredes de Coura, de Nike Cave, Arcade Fire, entre outros.
“É interessante que diferentes gerações se vão apropriando do festival e vão passando o testemunho”, sublinhou.
O festivaleiro lembra como momentos icónicos de Paredes de Coura os dias de chuva que, este ano, não deve aparecer.
“Acho que este ano não vai chover. Nos últimos 30 anos, dois momentos que recordo. A primeira vez que vi Queens of the Stone Age e, Nick Cave e Benjamin Clementine, entre muitos outros”, referiu, destacando a oportunidade que organização dá a novas bandas que nos últimos dias atuaram nas ruas da vila.
Já o diretor do festival, João Carvalho, adiantou que ao fim de 30 anos de festival continua “maravilhado como se fosse a primeira edição”, realçando que “este ano o recinto vai estar completamente cheio e, com um ambiente fantástico”.
“Paredes de Coura é um laboratório musical. Muitas bandas passaram aqui pela primeira vez. Este ano advinha-se um grande futuro a tantas bandas”, apontando, entre outros, “os Fontaines D.C que, vão ser uma banda de estádio ou os Model/Atriz que vão agigantar-se”, referiu.
Entre os momentos mais emblemáticos dos 30 anos de história do festival recordou a edição de 2005 e os festivais durante o período da pandemia de covid-19.
“O festival de Paredes de Coura é uma história de amor sem fim (…) Serve para as pessoas se desligarem, saírem daqui mais amáveis. Esse é o meu desejo. Que saiam daqui mais compreensivas. O mundo está azedo, as pessoas estão sem grande paciência. Paredes de Coura dá sossego”, sublinhou.
Espera ser “um velho chato que ninguém atura” e poder programar o festival, mas não têm dúvidas que a passagem do testemunho está assegurada.
“Gostava que eu e os meus sócios passássemos [a organização do festival] aos nossos filhos. Todos temos filhos. Seria mais do que um negócio, um projeto de família”.
João Carvalho lembrou que o “festival nasceu sem fins mercantilistas, e que foram mais as edições com prejuízo, apesar do sucesso dos últimos anos.
“Todos nós [João Carvalho e os sócios] temos filhos que gostam de música. A minha filha já me dá sugestões e discutimos muito sobre música. Os filhos dos meus sócios também. Com a educação musical e, não só, que têm em casa, o futuro está assegurado”.