César Boaventura, agente desportivo conhecido no mundo do futebol português, foi hoje condenado a três anos de prisão com pena suspensa pelo Tribunal de Lisboa.
O empresário, de 42 anos, natural de Viana do Castelo, foi considerado culpado de dois crimes de falsificação de documentos e um de fraude fiscal, no âmbito da Operação Malapata, que investiga corrupção e branqueamento de capitais no futebol.
Apesar de inicialmente acusado de 10 crimes, César Boaventura viu-se condenado por três deles.
Além da pena suspensa, terá de pagar uma multa de 36 mil euros, dividida em seis pagamentos semestrais ao longo de três anos.
O juiz responsável pelo caso foi incisivo na leitura da sentença.
“Ficou aqui demonstrado que o senhor nunca lhes devolveu nada. Não sei se estas pessoas lhe metiam dinheiro na mão com a esperança de que você encontrasse o próximo Ronaldo. Queria que ficasse com esta ideia. Se não mudar o seu modo de atuação, pode ter dissabores ainda maiores“, disse o juíz.
À saída do tribunal, Boaventura limitou-se a comentar: “Parece que a montanha pariu um rato“.
A defesa do agente desportivo ainda está a ponderar recorrer da decisão.
Quem é César Boaventura?
Natural de Viana do Castelo, César Boaventura começou a carreira no setor imobiliário, seguindo os passos do pai, empresário na construção civil.
Em 2018 numa entrevista pública, recordou o primeiro negócio: “Dei um sinal de 1500 euros por um terreno que custava 40 mil e vendi-o, duas semanas depois, por 75 mil”.
O gosto pelo futebol acompanhou-o desde cedo. Na juventude, foi guarda-redes nas camadas jovens do Vila Fria, clube da aldeia natal.
No entanto, só em 2014 regressou ao mundo do desporto, desta vez como agente desportivo. Juntamente com dois amigos, fundou a GIC Career Management, empresa especializada no agenciamento de jogadores de futebol.
Em apenas oito meses, a empresa já representava mais de 40 atletas, incluindo nomes como Nélson Semedo, ex-jogador do Benfica e do Barcelona, e o guarda-redes Mika, que passou por Benfica e Boavista.
Operação Malapata e os crimes
A condenação de Boaventura surge no contexto da Operação Malapata, que investigou crimes de corrupção ativa, fraude fiscal e branqueamento de capitais no futebol português.
O agente desportivo César Boaventura, ligado a várias transferências de jogadores do Benfica e do Sporting, foi detido em 2022.
Durante as buscas realizadas nos estádios da Luz e de Alvalade, foram apreendidos contratos de jogadores da formação ligados a Boaventura.
A operação levou à detenção de outros dois suspeitos, incluindo um empresário do setor metalúrgico.
A Polícia Judiciária (PJ) realizou 28 buscas em vários concelhos do país, como Barcelos, Braga, Esposende e Lisboa, tendo apreendido documentos, viaturas e material informático.
A investigação identificou movimentos financeiros suspeitos superiores a 70 milhões de euros, embora este valor seja apenas uma estimativa parcial.