Isabel Martins da Silva, uma das fundadoras deste projeto de 27 anos e natural de Barcelos, juntou-se a outros seis jovens que previamente tinham estado envolvidos em projetos com refugiados e migrantes. Isabel explica como tudo começou.
“Havia várias entidades de acolhimento, mas nada que promovesse relações significativas e duradouras com a comunidade local, nomeadamente quando o trabalho de acolhimento termina. Este projeto é quase uma incubação de relações, que só acontece se a família aceitar. A única coisa que prometemos é que não vamos desaparecer”, explica Isabel.
Os voluntários desempenham papéis cruciais, atuando como “amigos, guias, mediadores” e ajudando a suavizar relações mais tensas com instituições ou senhorios.
Estes “meeru´s” acompanham as famílias em passeios, auxiliam nas entrevistas de emprego, partilham refeições e ajudam a descobrir as comodidades disponíveis nas proximidades das áreas onde as famílias vivem.
Em essência, oferecem um suporte complementar às instituições de acolhimento, adaptando-se às necessidades e desejos individuais de cada família.
Os voluntários, que abrangem uma faixa etária de 18 a 70 anos, totalizam cerca de 120 a 130 pessoas, correspondendo ao número de pessoas de diversas nacionalidades assistidas pelo projeto.
“O critério para receber apoio do projeto é a vulnerabilidade e o isolamento social em relação à comunidade local”, aponta Isabel Martins Silva.
Dado que a abordagem do Meeru se baseia na proximidade e a equipa é relativamente pequena, composta por nove pessoas, entre a equipa técnica e de coordenação, a atuação ocorre principalmente na região norte de Portugal, desde Viana do Castelo até São João da Madeira, abrangendo também Braga.
“O projeto teve início com a mentoria do coordenador da Plataforma de Apoio a Refugiados, que orientou os fundadores na compreensão das necessidades e lacunas no apoio a migrantes e refugiados em Portugal”, destaca Isabel.
O financiamento provém de fundos europeus da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social, e também recebeu apoio de várias instituições, incluindo a Universidade Católica Portuguesa no Porto e o Instituto Padre António Vieira.
A Meeru aguarda resposta para uma candidatura ao financiamento do Fundo para a Integração de Migrantes e Refugiados.
Enquanto isso, o projeto está a trabalhar no Meeru – Reconstruir, um projeto-piloto em colaboração com uma associação de Braga, com o objetivo de facilitar o acesso à habitação por meio de mão de obra voluntária e donativos.
Este projeto envolve a reconstrução de apartamentos que serão vendidos às famílias, com pagamento sem juros e prestações adaptadas aos seus orçamentos familiares, podendo ser abatidas com horas de trabalho na construção.
Estas habitações irão acomodar quatro famílias de migrantes e uma família portuguesa, reservando um apartamento para situações de emergência.