Porém, a sociedade evoluiu, como é normal e desejável, e o tema da sustentabilidade e da proteção ambiental é conhecido por todos e vigorosamente defendido por muitos. O caso mais mediático de ativismo ambiental é o da jovem Greta Thunberg, duas vezes nomeada para o Nobel da Paz. A sua juventude e garra, aliadas à incrível capacidade de comunicação das suas crenças e preocupações, tornaram-na num símbolo da luta pelo ambiente e contra as alterações climáticas.
Não precisamos de ir tão longe e almejar conseguir expor as nossas preocupações a ministros e presidentes de países, em conferências internacionais em todo o mundo, como a jovem. Mas podemos fazer a nossa parte, a nível local.
Nas autarquias portuguesas, seja nos municípios, seja nas freguesias, é habitual limparem-se as ruas com herbicidas/glifosatos. Estes têm impactos gravíssimos e múltiplos na saúde da população e na biodiversidade, uma vez que não matam só erva, matam também polinizadores (abelhas, borboletas,…) que “(…) são essenciais para a reprodução de muitas plantas, para o abastecimento de alimentos e para a manutenção de ecossistemas saudáveis” (site do Laboratório da Paisagem de Guimarães).
Até no ato de arrancar erva de forma “natural”, devem ser acautelados certos critérios ambientais e alturas do ano, para garantir a manutenção do ecossistema, daí que vejamos em certos parques ou zonas verdes cartazes com a inscrição “Erva por cortar? Não é desleixo. Estamos a alimentar as abelhas e outros insetos polinizadores!”.
Ora, a nível de uma freguesia pode ser um grande esforço financeiro ter trabalhadores só para “arrancar ervas”, que é uma das competências das Juntas de freguesia. No entanto, cada vez mais são as Câmaras Municipais que abandonaram os herbicidas e se comprometeram com o objetivo de um país (e, eventualmente, um mundo) livre de glifosatos. No distrito de Braga, temos os exemplos de Guimarães e de Cabeceiras de Basto. Mais abaixo, temos Castelo de Paiva, Porto, Lousada… Mais recentemente, o município da Nazaré. Neste momento, segundo o site da Quercus (“Campanha autarquias sem glifoseatos/herbicidas”), são 20 os municípios subscritores deste movimento.
O orçamento para 2023 da Câmara Municipal de Esposende atinge os 36,7 milhões de euros. Os custos reais dos herbicidas deviam orientar este executivo para prosseguir com políticas públicas mais verdes, mais sustentáveis. Aliás, foi precisamente nesse sentido, que, em Reunião de Câmara do dia 17 de março de 2022, o vereador Luís Peixoto propôs ao executivo camarário que o Município de Esposende subscrevesse a Campanha da Quercus, “(…) abandonando o uso de herbicidas nas áreas da sua responsabilidade, quer diretamente, quer através de empresas concessionárias, tendo em vista contribuir ativamente para um melhor ambiente no seu território e para a proteção da saúde e de qualidade de vida dos seus habitantes.” Quase um ano passado, e não vemos mudanças positivas.
Neste novo ano, de 2023, desejamos uma mudança radical nas políticas públicas locais implementadas pelo município, não fosse o nosso slogan “Esposende: um privilégio da natureza”. Os objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 assim o impõem. A promoção da saúde e qualidade de vida das populações; tornar as cidades e comunidades mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis; combater as alterações climáticas e os seus impactos; proteger os ecossistemas… São tudo objetivos que não devem ser ignorados, para o bem de todos e, no fundo, para o futuro de todos nós.