Não, os serviços do Estado não são maus, como as más-línguas costumam dizer. São DeLux!
Semelhante a marcas como Rolex e Ferrari. Quando vais à loja ou ao stand comprar, não podes. Não te deixam. Entra na fila de espera, como todo cliente aspirante a VIP. Se for a tua primeira vez, então, és quase maltratado. Olham para ti com aquele ar de: “Quem é este pobretanas que acha que vai conseguir um médico de família em menos de 3 anos?”.
As pessoas pagam — com impostos, claro — por este serviço premium. Então, por que raio o CEO da Cloudflare está a queixar-se do país? É que ele claramente não percebe o conceito de exclusividade estatal. O que ele quer? Atendimento eficiente? Rapidez? Então vá para um McDonald’s!
Aqui, temos um modelo muito mais sofisticado: o Estado Slow Fashion. Nada é imediato. Tudo é artesanalmente processado por três departamentos, dois carimbos e um funcionário em teletrabalho desde 2019. É preciso valorizar o tempo que se demora, pois, esperar é um privilégio, uma oportunidade de meditação, de desapego material e emocional.
E se já tiver comprado um Rolex, ótimo. Vai perceber que o atendimento muda. Tal como na Ferrari. Mas aqui, para esse tratamento, o Rolex tem de ser substituído por outra joia rara: o cartão de deputado, um laço familiar com um Presidente, ou pelo menos o contacto direto do chefe do hospital. Aí sim, o universo abre-se. Os portais funcionam. As senhas aparecem do nada. Até a Dona Fátima pergunta se queres uma bolacha Maria com o café.
Portugal não é um país atrasado. É um país premium!
Portanto, em vez de reclamar, proponho que celebremos o Estado DeLux. Um país onde não se vive com pressa, porque… ninguém te deixa correr. Aqui, o cidadão é constantemente convidado a meditar — não em exames médicos, claro, mas sobre o seu lugar especial no universo, tal como a Hermès faz com uma carteira de 12 mil euros: esperar 8 meses por algo é sinal de que és único, exclusivo… e não apenas mais um tanso na fila. É um treino espiritual completo: resiliência emocional, paciência budista e sabedoria Salomónica.
Portanto, se o CEO da Cloudflare acha estranho o país, é porque ainda não entendeu que aqui tudo é uma experiência ultra-seletiva ou ainda não teve tempo de comprar um Rolex.