O movimento de cidadãos “Seixoso-Vieiros: Lítio Não” manifestou-se hoje contra o anúncio do Governo de avançar, em 2025, com o leilão de novas áreas para a exploração de lítio.
Os ativistas consideram esta decisão um ataque direto às comunidades locais e ao futuro ambiental da região.
“Estamos completamente contra esta decisão que, em vez de beneficiar as populações e proteger o ambiente, favorece interesses económicos alheios, deixando para trás destruição e prejuízo”, declarou o movimento.
Controvérsia em torno da prospeção
A polémica em torno da exploração de lítio não é nova. Em fevereiro de 2022, o Governo deu luz verde à prospeção e pesquisa de lítio em seis zonas do país, incluindo a área conhecida como “Seixoso-Vieiros”.
Esta abrange territórios nos concelhos de Felgueiras e Amarante e, em menor escala, áreas de Fafe, Celorico de Basto e Guimarães.
Na última terça-feira, a ministra do Ambiente e Energia, Duarte Cordeiro, anunciou que os concursos para a prospeção de lítio, cobre e ouro avançarão em 2025.
Segundo explicou, estes concursos serão exclusivamente para prospeção e pesquisa, e não para exploração, um ponto reforçado pela secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, durante a apresentação do Plano de Ação para o Regulamento Europeu das Matérias-Primas Críticas.
Críticas ao modelo de desenvolvimento
Apesar das garantias, o movimento “Seixoso-Vieiros: Lítio Não” rejeita a narrativa de que o lítio é uma solução sustentável, alertando para os impactos ambientais associados à sua extração.
“Este modelo não é progresso, é exploração, e as comunidades locais não podem ser sacrificadas em nome de um desenvolvimento que apenas beneficia grandes empresas”, sublinham os ativistas.
O grupo defende que a extração de lítio representa um elevado custo ambiental e social, apontando para as consequências negativas que recairão sobre as populações afetadas.
“Não aceitamos que as terras e a vida das populações sejam vendidas em nome de interesses externos”, acrescenta o comunicado.
Histórico de oposição
Desde 2019, a região de Seixoso-Vieiros tem sido alvo de interesse para a exploração de lítio, algo que os ativistas denunciam como uma ameaça constante.
Em julho deste ano, o movimento exigiu que o Governo retirasse a área de Felgueiras e Amarante da estratégia nacional para matérias-primas críticas.
Na altura, alertaram a população para os potenciais danos ambientais e sociais que esta estratégia poderá causar.