As eleições autárquicas já espreitam. Estão à distância de poucos meses.
O PSD, partido que lidera o Município há 11 anos, afirma já ter escolhido o seu candidato: João Rodrigues, atual vereador do urbanismo.
Numa reunião pela noite dentro dirigida pelo líder do PSD local, João Granja, 15 pessoas fizeram do jovem vereador o candidato à câmara, em 2025. Sem apelo, nem agravo!
Algumas vozes críticas fizeram-se ouvir e quase me pareceu, ao ouvi-las, que descreviam uma espécie de golpe perpetrado pelos dirigentes locais do PSD. Olga Pereira, Vereadora do PSD, por exemplo, afirmou mesmo que João Granja teve “falta de atitude conciliadora” na escolha do candidato à câmara. Ao longo desta curta novela, outros intervenientes políticos, como Ricardo Rio, Rui Morais ou Firmino Marques, foram verbalizando o seu desconforto relativamente à forma como todo o processo de escolha se tinha desenvolvido.
Devo dizer que, infelizmente, compreendo o guião desta novela. É mais comum e mais real do que preferia que fosse.
Aquilo a que, na gíria, chamamos máquina partidária nem sempre consegue manter o discernimento, a lucidez e o distanciamento necessários para, de forma objetiva e racional, contribuir para escolher a pessoa que está em melhores condições para liderar um projeto político.
Já vi isso acontecer no meu partido.
Por vezes, as pessoas que têm maiorias expressivas dentro de uma estrutura partidária não têm, depois, esse nível de reconhecimento no conjunto da sociedade. Porque, na verdade, apenas uma ínfima parte da população se torna membro/militante de um partido político. As razões para esta ausência de participação são muitas e estão estudadas. Os grandes partidos, porém, não dão grande importância às razões que levam ao afastamento da sociedade civil. Talvez porque, assim, se torna mais fácil escolher candidatos à câmara em reuniões tardias apenas com 15 votos!
Os partidos responsáveis e realmente abertos à sociedade civil (cliché que todos defendem, mas que quase ninguém cumpre) não se encerram em contabilidades internas. Procuram, isso sim, opções que dignifiquem a sua história e que assegurem que a maioria dos eleitores não só conhece como confia nas suas competências.
PS e PSD são mais do que partidos de militantes; São partidos de eleitores; São partidos cujas escolhas internas dizem respeito a um número muito superior de cidadãos, que deles espera a estabilidade do sistema e o aprofundamento das reformas políticas, económicas e sociais que, em comunidade, temos vindo a empreender nas últimas décadas.
Nunca é demais, por isso, reforçar algo que todos os dirigentes políticos destes partidos já deveriam ter cravado com afinco nas suas agendas partidárias: não se ganham eleições com escolhas abrasonadas por um militantismo que desconsidera o que se passa fora da vida partidária. Vencem-se com aqueles a quem os eleitores reconhecem mérito para os poder representar.
É por isso que, na hora da escolha interna, não se deve negligenciar a análise do grau de satisfação dos habitantes com as políticas levadas a cabo pelos decisores, perceber por meio de estudos no terreno quais são os verdadeiros problemas dos bracarenses e quais são as personalidades sobre as quais recai maior confiança para poder liderar esse projeto político.
Quando a decisão é tomada pela máquina partidária à lei da força do caciquismo interno, sem haver critério, diálogo e compromisso, normalmente o resultado é a derrota.
É neste quadro de guerrilha que o PSD se apresentará às eleições autárquicas.
Se o PS tiver serenidade, este pode ser o momento de um novo ciclo de desenvolvimento para Braga.
Enquanto houver militantes que querem tomar o partido a qualquer custo com interesses pessoais, não poderá haver serenidade.