Os Festivais de Música de Verão estão em declínio.
Olhando para a realidade portuguesa com o recente cancelamento do MEO Sudoeste e do Super Bock Super Rock é claro hoje que Portugal está a seguir a tendência mundial de desaparecimento dos grandes festivais de música, em especial com patrocinadores conhecidos e amplamente reconhecidos. É uma tendência que, segundo os analistas, é o resultado de uma combinação entre o impacto financeiro que representam para ir, em especial para o público jovem, custos altos de organização, uma diminuição do interesse do público estrangeiro, que pelo preço que gasta num festival pode efetuar outro tipo de férias, e acima de tudo, existe um outro conjunto de interesses, mais focada em soluções low-cost, com menores aglomerações e que proporcionem experiências mais naturais e autênticas e toda esta tendência foi acentuada no pós-covid.
Ou seja, este Verão vai haver mais gente com tempo e disponibilidade financeira para fazerem coisas novas.
Então, a pergunta que devemos colocar como esposendenses interessados na nossa economia local é: Como será a nossa Agenda de Verão para captar esta gente?
A atividade cultural numa Agenda de Verão nunca poderá ser a descurada em qualquer programação mas para maior efeito e mais satisfação é necessário cada vez mais é a utilização dos espaços naturais, indo além das habituais caminhadas ou contemplação pura para termos mais valências, devidamente integrados no espaço envolvente, ou a integração de atividades nos espaços comuns que possibilitam a atração de mais gente a desconhecer um concelho ou uma cidade.
Com isto não é taxativo que a “fórmula festival”, em especial o nosso “Festival da Juventude” esteja esgotado, mas a sua formulação e amplitude programática têm e deve ser revista para que ele se torne mais multidisciplinar, mas que a a música deve ter um papel importante, visto que sem ser no Verão, Esposende raramente vê algum concerto de monta no concelho, e não é por falta de local, de vontade dos esposendenses ou até por falta de agenda dos próprios artistas.
Sim, temos uma agenda cultural de eventos musicais fora do Verão curta, se terminarmos com a de Verão ficaremos num autêntico deserto.
Temos já bons exemplos desta integração como a Galaicofolia que coloca todos os visitantes a ter uma experiência cultural e gastronómica com uma envolvente podendo este tipo experiência pode se reproduzida em outras envolventes em outras freguesias: Masseiras na Apúlia, Salinas em Fão e Marinhas, Rio Neiva em Antas e Forjães, Cávado em Gemeses, Construção Naval em Esposende (já para não falar das Festas de São Bartolomeu do Mar).
É fácil de imaginar, cenários envolventes diferentes, espetáculos de diversas artes, temáticas que fazem a conexão com as freguesias e a sua história que as albergam, com possibilidade de dar a conhecer os sabores tradicionais, tudo isto envolvido numa comunicação atualizada, uma organização competente, são os ingredientes necessários para termos mais pessoas a vir a Esposende, a passar mais dias do que a habitual vinda à praia. Temos também como opção para esta nova realidade a utilização das nossas praças e ruas mais carismáticas de cada uma das freguesias, permitindo uma maior aproximação de todos com a história local.
E já agora, não esqueçamos o renascimento dos estabelecimentos de animação noturna.
Num concelho com as nossas características termos a vida noturna, em especial durante o mês de Agosto, que termina à 1 da manhã, com raríssimas exceções, e obriga a população a sair de cá para a ter é algo complicado de entender.
Percebo as dores do passado mas não precisamos de passar do oito para oitenta, porque se aplicarmos a legislação em vigor de forma efetiva, e se formos além da lei geral para termos algo mais específico em termos locais, teremos resolvidos os problemas de barulho que durante anos assolaram as populações, mas não ter nada mesmo no Verão é preocupante.
Faz-me lembrar Marco de Canaveses nos tempos de Avelino Ferreira Torres nos anos 90, quando aprovou uma lei que impedia qualquer tipo de espetáculo musical a partir das 20:00 para garantir o total descanso dos trabalhadores municipais, mesmo em vésperas de feriado municipal. Outros diziam que era apenas para não gastar dinheiro em festas, mas devem ser os habituais detratores…
Já não estamos nesse tempo.
E se for necessário perceber exemplos que esta realidade de captação de novos potenciais turistas já mexe à nossa volta, basta olhar para a programação de Verão de Braga, Barcelos ou Guimarães, que há muito deixaram de ser cidades que se esvaziavam no Verão e se dirigiam para praia e passaram a ser locais com poder de atração no Verão.
Não fiquemos para trás.