Todas as vítimas merecem o luto do País. A colocação da bandeira nacional a meia haste em todos os edifícios públicos é mais que devida.
Como tanto se tem dito e repetido, estamos num estado de guerra contra este vírus. Mas se fosse de facto uma guerra, os governos não enviavam – como nesta enviaram – os seus soldados para a frente de batalha sem todas as protecções e equipamentos necessários para a missão. Em Portugal, mais de 20 % dos infectados são profissionais de saúde ou forças de segurança e socorro. Podemos bater-lhes as palmas que quisermos à noite, mas de manhã, do que eles necessitam mesmo é protecção e condições.
O Governo deve poder contar com a lealdade institucional de todos os agentes políticos, mas exige-se também que sejam leais connosco e com os Portugueses, que não falhem na verdade dos números, sejam transparentes nos dados e correctos com o material disponível nos hospitais de todo o país. Se necessitamos de unidade, não se pode romper com a confiança.
Este não será o momento de debater e apurar responsabilidades, mas o período de excepcionalidade democrática e constitucional em que nos encontramos reclama uma avaliação, questionamento e escrutínio constantes. Com o mesmo sentido de Estado e patriotismo que justificou o apoio à renovação do Estado de Emergência.
Nunca se duvide de que os Portugueses são um povo extraordinário. Desafia-se a cada circunstância, não se acomoda e supera-se colectivamente para ultrapassar as adversidades. Não só no passado longíquo, mas também no recente quando ultrapassaram circunstâncias dramáticas e venceram mais uma bancarrota com o sacrifício dos mais jovens, dos empresários e empreendedores que permitiram a Portugal dar a volta, de forma histórica, alavancando as exportações durante a crise. Mostraram ao mundo aquilo de que são feitos. Um povo que acredita e se defende a si mesmo.
Reconhecemos hoje, em cada varanda, em cada sala, o valor dos nossos heróis. Amanhã a Política terá de estar cá para eles e por todos, com muito mais que aplausos.