O Bloco de Esquerda manifestou consternação perante o despedimento de Pedro Macedo, diretor executivo do Centro do Clima da Póvoa de Varzim, criticando a decisão do executivo municipal liderado pelo PSD e pedindo mesmo a demissão da vereadora com o pelouro do Ambiente.
Os bloquistas da Póvoa de Varzim defendem que a exoneração de Pedro Macedo, que conduziu projetos de grande impacto em apenas 18 meses, “põe em risco o futuro da instituição e dos seus trabalhos em prol do ambiente”.
O Centro do Clima, fundado para enfrentar os desafios climáticos no município, destacou-se pelo dinamismo e inovação, alcançando reconhecimento regional e nacional.
O BE da Póvoa de Varzim afirma que sob a liderança de Pedro Macedo, a equipa promoveu uma cidadania ativa, envolvendo os habitantes na procura de soluções para problemas como as cheias e a erosão costeira.
Entre os projetos em curso, destaca-se um financiamento de 1,2 milhões de euros para a gestão de riscos climáticos no Rio Alto, uma área sensível para a agricultura local.
Outro marco importante foi o plano de ação climática municipal, o primeiro do género na Póvoa de Varzim, que envolveu uma assembleia cidadã, permitindo uma colaboração direta entre a sociedade civil e as autoridades.
No entanto, a decisão de afastar Pedro Macedo ameaça comprometer este e outros projetos, segundo o Bloco de Esquerda.
Alegações de incompatibilidades e censura
A vereadora do Ambiente, Sílvia Costa, justificou o despedimento com “um conjunto de incompatibilidades”, mas o Bloco exige esclarecimentos sobre o que realmente motivou a decisão.
Entre os episódios que alimentam a controvérsia, destaca-se a recusa da vereadora em publicar nas redes sociais do Centro do Clima e da Câmara um vídeo produzido pelos Jovens pelo Clima em dezembro de 2024.
A iniciativa, dinamizada pela associação Pathos e promovida pelo Centro do Clima, foi considerada censurada pelo Bloco.
O partido apontou ainda para “possíveis pressões políticas sobre o trabalho de Macedo”, mencionando uma crítica ambiental genérica ao excesso de luzes natalícias que terá irritado a liderança municipal.
Para o Bloco da Póvoa de Varzim, este episódio reflete uma prática de intolerância a opiniões divergentes por parte do executivo liderado pelo PSD desde 1989, que é acusado de confundir maioria absoluta com poder absoluto.
Exigências de demissão e defesa da independência
O Bloco de Esquerda não poupou críticas à gestão da vereadora Sílvia Costa, exigindo a sua demissão imediata.
O partido questiona a independência do Centro do Clima, temendo uma “infiltração do poder camarário” nas suas operações. A decisão de afastar Macedo é vista como um ataque deliberado ao progresso climático local, descredibilizando o trabalho realizado.
Com eleições autárquicas à vista e a saída anunciada do presidente da Câmara, Aires Pereira, o Bloco considera “suspeito” o momento escolhido para o despedimento. Para o partido, a atitude reflete uma tentativa de preservar protagonismo interno em detrimento do bem-estar da comunidade poveira e do serviço público.
Solidariedade com Pedro Macedo e compromisso com o clima
O Bloco da Póvoa de Varzim solidarizou-se com Pedro Macedo e com a equipa do Centro do Clima, prometendo continuar a lutar pela transparência e pela transição climática. O partido compromete-se a apurar a verdade sobre o caso e a denunciar condutas que comprometam o trabalho ambiental na região.
“A luta pela justiça e pela transição climática não será silenciada”, concluiu o Bloco, sublinhando que o futuro do Centro do Clima e dos seus projetos depende de uma gestão autónoma e independente.