Uma equipa do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho identificou um grupo de leveduras e bactérias capazes de degradar plástico.
O resultado é muito promissor e potencia os microrganismos como alternativa sustentável no combate à poluição global dos plásticos e recorde-se que em 2016 já havia sido detada bactéria capaz de comer e que foi batizada por Ideonella Sakaiensis.
O estudo iniciou em 2021 e derivou nomeadamente na tese de mestrado em Bioquímica Aplicada de João Gomes, que teve a orientação de Raúl Machado e de Isabel Soares-Silva, a parceria da empresa Vizelpas e financiamento europeu através dos projetos científicos Ecobib e River2Ocean.
“Os plásticos são muito usados no mundo por serem resistentes e baratos, substituindo outros materiais, mas acumulam-se cada vez mais no ambiente, com efeitos negativos nos ecossistemas, na economia e na saúde”, diz João Gomes.
A sua investigação aplicou várias leveduras e bactérias para degradar polietileno, um dos principais e muito poluente, pois tem baixa biodegradabilidade.
Concluiu-se que a Yarrowia lipolytica e a Pseudomonas aeruginos se fixavam à superfície do plástico, formavam biofilmes (primeira fase da degradação) e produziam enzimas que se “alimentavam” de plástico, decompondo-o.
Têm sido detetados microplásticos na placenta humana e no leite materno, mas também em alimentos como água, sal, mariscos, produtos acondicionados e bebidas engarrafadas, entre outros.
A sua biodegradação “pode passar por microrganismos equipados com enzimas que quebram as ligações dos polímeros de plástico e os transformam em dióxido de carbono, água e biomassa microbiana”, afirma João Gomes.
A equipa do CBMA da UMinho quer agora aprofundar os mecanismos biológicos envolvidos na degradação e encontrar outros microrganismos que acelerem esse processo de degradação.