A cooperativa VianaPescas alertou esta terça-feira para os impactos negativos do Plano de Afectação para as Energias Renováveis Offshore (PAER) no sector da pesca em Viana do Castelo.
Segundo os pescadores, o projecto de eólicas offshore irá afetar diretamente o “maior local de pesca” da região, os secos de Viana.
Portela Rosa, representante da VianaPescas, revelou que já foi enviado um alerta ao primeiro-ministro para que introduza correções no diploma.
“Todas as associações do Norte estão unidas para responder a esta traição”, afirmou o dirigente, sublinhando a necessidade de proteger a actividade piscatória.
O PAER, publicado na sexta-feira no *Diário da República*, alterou o traçado inicialmente previsto.
“Constatamos que o traçado já não é na perpendicular ao continente, como tínhamos proposto, mas sim na diagonal para sudoeste”, explicou Portela Rosa. Segundo os pescadores, esta alteração compromete significativamente as zonas de pesca e pode levar ao abate de embarcações.
A VianaPescas também manifestou preocupação com a redução da área destinada à pesca.
“Pedimos a libertação de toda a Zona Livre Tecnológica, mas apenas metade foi concedida. Algumas embarcações serão afetadas e precisarão de ser abatidas”, alertou o representante, defendendo a necessidade de repensar as contrapartidas para o sector.
O projecto de eólicas offshore, iniciado pelo anterior Governo socialista, visa a produção de 10 gigawatts (GW) de energia renovável e inclui áreas de exploração em Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira-Cascais e Sines.
Para Viana, está prevista uma área de 229 km2, com capacidade de 0,8 GW.
Os pescadores insistem que as decisões tomadas sem o devido diálogo com o sector podem colocar em risco a subsistência de centenas de famílias que dependem da pesca na região.