A exposição “Palpitações Óticas / Três Espasmos Musculares”, dedicada à obra gráfica de Júlio Maria dos Reis Pereira, foi prolongada até 28 de setembro na Galeria Júlio, integrada no Centro de Estudos Júlio/Saúl Dias, em Vila do Conde.
Este terceiro e último momento do ciclo expositivo reúne cerca de 40 desenhos a tinta-da-china realizados, sobretudo, nas décadas de 1920 e 1930.
As obras revelam uma faceta menos conhecida do artista, marcada por um traço crítico e irónico sobre a sociedade da época. Entre cafés, prostíbulos e teatros, surgem figuras caricaturais que habitam ambientes de marginalidade e observação mordaz do quotidiano urbano.
A curadoria de Juan Luis Toboso propõe um olhar comparativo com os ambientes boémios da Alemanha nas primeiras décadas do século XX, traçando paralelos entre os desenhos de Júlio e a arte performativa. O crítico Bernardo Pinto de Almeida também contribui com textos inéditos que reavaliam a liberdade formal do artista e o valor político do seu traço.
Incluída na mostra está a obra “Noturno” (1929), um dos ícones do modernismo português, já exibido internacionalmente no Museu Reina Sofia, em Madrid.
Quem era Júlio Maria dos Reis Pereira
Natural de Vila do Conde, Júlio (1902–1983) destacou-se na pintura, poesia (como Saúl Dias), cerâmica tradicional e colecionismo de arte popular.
Com formação em engenharia e belas-artes, teve uma carreira marcada pela originalidade gráfica e profunda sensibilidade estética.
A exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 10h00 às 18h00 (última entrada às 17h15), com interrupção ao fim de semana entre as 13h00 e as 14h30. A entrada custa 2 euros, sendo gratuita aos domingos de manhã.