Já no plano interno, não podemos dizer que foi um ano relevante e com acontecimentos que ficarão na memória. Aliás, atrevo-me mesmo a dizer que foi apenas “mais um” pois nada, ou quase nada, há a apontar relativamente a reformas a sério. Tudo igual.
Este “tudo igual” espelha-se, para começar, em mais uma maioria absoluta oferecida ao Partido Socialista que, com toda a legitimidade, continua a (des)orientar e a (des)governar o nosso país.
Em segundo lugar, tudo igual na saúde e na justiça num ano em que, apesar do número de funcionários afetos à Administração Pública até ter aumentado, a procura pela eficácia e pela eficiência na gestão dos serviços públicos continuou a não ser uma prioridade dos nossos responsáveis políticos. Atrevo-me a dizer que o mais alto órgão da Administração Pública – o Governo – se limitou a fazer uma gestão corrente, não tendo sido capaz de introduzir e mudar paradigmas que há muito estão enraizados na nossa forma de olhar e solucionar problemas estruturais. Não tendo sido capaz de introduzir qualquer alteração ou reforma, sempre se dirá que o atual governo conseguiu mostrar como é que em 9 meses de mandato se conseguem colecionar inúmeros episódios tão desprestigiantes que, fosse Jorge Sampaio o Presidente da República e já a Assembleia tinha sido dissolvida. Se isto não é sinónimo de uma casa a arder, não sei o que é.
Por fim, este “tudo igual” comprova-se pelos objetivos que todos desejamos atingir neste novo ano e que são, ouso dizer, exatamente iguais aos do ano passado. Se, ano após ano, desejamos ter melhores condições de vida, pergunto-me se fazemos alguma coisa por isso ou, melhor, se nos dão condições para tal. Questiono-me se a nossa sociedade sonha alto ou se, ao invés, se contenta com o básico. Ousamos, neste novo ano, querer mais? Quero acreditar que, pelo menos no que às novas gerações diz respeito, há uma vontade imensa de tornar o futuro em algo risonho, próspero e efetivamente diferente dos tempos de hoje. Não se justifica continuarmos com os mesmos problemas do passado apenas porque temos preguiça em sonhar, pensar, reivindicar e “arregaçar as mangas” para ultrapassarmos os obstáculos.
Neste novo ano sejamos ágeis, apresentemos propostas e, acima de tudo, saibamos nós dar o passo que falta para, realmente, mudarmos o que está mal. Afinal de contas, ao contrário da sugestão de alguns, nós, jovens, não nos queremos habituar a um Portugal que está parado na estação e que se limita a ver as carruagens da nossa Europa a seguirem o seu caminho.