A família proprietária do icónico Fôjo de Fão expressou profunda decepção com as autoridades locais, acusando o presidente da Câmara de Esposende, Benjamim Pereira, de “quebra de promessa” e “falta de apoio na preservação do legado cultural e histórico do local”.
Depois de conhecida nova intenção da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) em demolir o local, a família destaca em declarações exclusivas ao jornal E24, “o valor sentimental que o Fôjo representa para eles, como herança direta de seu pai, Sérgio, que dedicou sua vida ao estabelecimento e à comunidade”.
“Não podemos negar o valor sentimental que o Fôjo tem para nós! Somos filhos e sangue do nosso Pai, o Sérgio! Ele criou-nos e educou-nos neste espaço!”, afirmam.
No entanto, a família ressaltou a necessidade de separar o sentimentalismo da questão e abordar o assunto com seriedade.
Construído há quase cinco décadas na margem esquerda do Rio Cávado, o Fôjo sempre foi um símbolo de harmonia e integração com a comunidade local, tornando-se “um ícone reconhecido além das fronteiras de Fão e do concelho de Esposende“.
Um vídeo do “Esposende Altruísta” mostra a vida e arquitetura única do estabelecimento, adornada com artefatos que refletem a vida marítima e fluvial da região, transformou o Fôjo em um verdadeiro museu vivo, enraizado na história e nas tradições do povo de Fão. O legado de Sérgio, descrito como um artista, filósofo e defensor das causas populares, continua a ressoar nas memórias daqueles que frequentaram o local.
Apesar das promessas iniciais de apoio por parte das autoridades locais, a família afirma ter sido “enganada e desrespeitada”.
“Em vez de cumprir sua palavra, o presidente da câmara desculpou-se com alegações de degradação estrutural e questões ambientais, sem apresentar um plano concreto para a preservação do Fôjo”, afirma a família.
Diante disso, a família reafirmou sua determinação em reabilitar o Fôjo como património cultural de Fão e transformá-lo em um museu dedicado ao legado intelectual de Sérgio e de sua comunidade.
A família promete “recorrer a todas as instâncias legais disponíveis”, destacando “a importância de manter viva a memória de Sérgio e o legado cultural do Fôjo”.
“O Fôjo não é nosso! É de todos! Se perdermos, é Fão e o Concelho de Esposende que perdem! O Sérgio nasceu e viveu pobre, mas nunca foi cobarde! Morreu como um Homem Livre!”, concluíram os membros da família, enfatizando sua determinação em preservar a história e a identidade de sua comunidade.
Recorde que esta não é a primeira vez que há a intenção de demolir o Fôjo. A 29 de setembro de 2015 a APA já havia dado ordens à Câmara de Esposende de demolir o Fôjo.
O E24 pediu uma opinião sobre o assunto ao presidente da Câmara de Esposende, Benjamim Pereira, mas até ao momento sem sucesso.