As abelhas de uma colmeia, acossada pelo desaparecimento do seu habitat, foram a analogia encontrada para descrever a comunidade do vale do rio Neiva.
Assim nasce o espectáculo “Sem Rei Nem Roque”, uma performance itinerante do Teatro de Balugas que estreia no Dia Mundial do Teatro, dia 27 de março, em Barcelos.
A abelha gigante do Teatro de Balugas irá percorrer as ruas do centro histórico da cidade a partir das 18h30. Este projecto é financiado e apoiado pela Direcção Regional de Cultura do Norte, Município de Barcelos e Fundação INATEL.
“Sem Rei Nem Roque” resulta de um trabalho em duas fases: a primeira, um trabalho de campo sobre a implantação neste vale da Linha de Muito Alta Tensão no Minho, realizado entre 2020 e 2021 pela companhia de teatro e dirigido pela investigadora Cristina Faria.

«Esta investigação no terreno registou o confronto da Natureza e das pessoas com a colocação da linha eléctrica, questionou o que fica, o que desaparece e que poder é este que se apropria do território. A segunda fase foi a criação de um espectáculo teatral que corporizasse o trabalho de campo, da responsabilidade do director artístico do Teatro de Balugas, Cândido Sobreiro, que após análise das recolhas orais, sonoras, fotográficas e de vídeo, sentiu um território e pessoas manifestamente impossibilitadas de lutar e contestar e, ao mesmo tempo, obrigadas a aceitar a mudança da paisagem natural. Ele entende que “o sentido de comunidade que tanto caracteriza as mulheres e homens do vale do Neiva, a abelha, na sua força de trabalho e espírito comunitário, bem como a sua vulnerabilidade às mudanças ocorridas no espaço, foi o elemento cénico encontrado em forma de marioneta gigante para percorrer e provocar o território», lê-se na nota do Balugas.