O teletrabalho é uma realidade não nova, mas consolidada.
E como uma realidade consolidada, obrigará os concelhos e seus executivos a pensar na melhor forma de integrar esta forma de trabalho na vida da sua comunidade e como se a deve moldar para a maior fixação dos jovens e não jovens no seu concelho.
Então vamos à questão: o teletrabalho será benéfico para o concelho de Esposende e para os Esposendenses?
Como profissional que atua numa realidade de teletrabalho nos últimos anos, reconheço os malefícios do mesmo: nos profissionais mais jovens cria uma adaptação à realidade laboral mais demorada, cria uma maior dissociação entre trabalhador e empresa, uma menor sensação de grupo de trabalho ou de classe laboral, maior dificuldade em detetar problemas de estabilidade emocional dos trabalhadores, menor capacidade de separar entre a vida particular e a vida laboral e no final de tudo, e para mim o mais importante, ao articular e compactar tudo num computador e toda a informação na “nuvem” onde se necessita de uma password para aceder, permite que a deslocação do local onde o trabalho é feito, país de residência do trabalhador, seja muito mais fácil.
Mas também reconheço aspetos positivos e num concelho como Esposende podemos trabalhar estes aspetos para uma maior e melhor fixação de jovens trabalhadores, e também os trabalhadores menos jovens.
Em primeiro lugar, elimina a necessidade de deslocação para os habituais grandes centros, Esposende vive dependente da A28 e A11 e não ter de se deslocar diariamente seria um ganho na qualidade de vida, permitindo que se perca menos tempo em transportes, se disfrute mais do seu local de residência e que se crie mais possibilidades de atividade no comércio local e de proximidade e até permite ter mais tempo para integrar associações locais concelhias.
Em segundo lugar, permitiria ter uma população residente empregada em empresas de qualquer ponto do país. Sabemos que o teletrabalho não é apenas para nómadas digitais, empresários em nome individual, é também para as áreas financeiras, contabilidade, engenharia, ensino, media, recursos humanos e isso permite ter um leque alargado de posição, podendo ser um veículo de empregar uma parte da população ativa sem que ela tenha a necessidade de se relocar fora de Esposende, dando uma valorização à população local, em especial a todos os nossos jovens com formação académica.
Em terceiro lugar, permite a empregadores participar e criar estruturas de elevadas dimensões sem o impacto ambiental e habitacional que a presença física acarreta. Do lado do trabalhador temos menor necessidade de nos concentrarmos em escritórios e fábricas, enquanto para um empregador permite ter uma força de trabalho mais alargada sem ter de se sentir tão constrangido no que toca a criar físicas para acolher todos ao mesmo tempo.
Então, o teletrabalho pode e deve ser uma ferramenta de fixação de esposendenses e não-esposendenses e um veículo de atração de população ativa para o nosso concelho, diminuindo a nossa periferia geográfica, fazendo da nossa dimensão mais reduzida e acolhedora uma valência, fazendo assim virar a mesa do jogo na contínua incapacidade de reter os seus jovens e menos jovens e em especial os mais qualificados.
E como podemos implementar isto? Resposta rápida: programas públicos dedicados a este propósito.
Uma feira de trabalho no nosso concelho, em específico para teletrabalho ou trabalho remoto, promovendo a divulgação junto da população as empresas com vagas disponíveis nesta modalidade, alocando também incentivos e benefícios fiscais para todas as empresas que inaugurassem centros de trabalho no concelho, por exemplo, ou promovendo apoios na busca de habitação no concelho. Podemos também focalizar os esforços na promoçao da relocalização de profissionais neste regime directamente no concelho, tendo também ppara isso que garantir suporte para que quem venha se senti confortável na sua relocalização.
O caso dos Açores é um bom exemplo de como se está a aproveitar o teletrabalho para fixar pessoas a partir destes programas.
Promover também programas no sentido inverso: ter empresas sediadas no concelho que contratam remotamente. Com prioridade para a contratação esposendense, termos empresas do concelho que promovam este tipo de contratação. Empresas que representem um verdadeiro nível de desenvolvimentos do concelho sem os impactos indesejáveis em termos de infraestruturas.