O supermercado Jaju, uma das empresas no ramo do negócio de abastecimento alimentar de referencia no concelho de Esposende, não está a sofrer, para já, com a realidade do Covid-19 trouxe à região.
«Temos contacto direto com as famílias, logo o impacto não é negativo para já como vemos em outras áreas como a restauração, hotelaria e turismo e outras áreas de comércio», começa por referir a empresária Teresa Nunes que gere o Jaju.
No entanto, e como faz questão de sublinhar, «não significa que no futuro não venhamos a precisar de ajuda».
«Nós, no momento, não vamos requerer apoio por parte das entidades. Vamos sim apoiar que esses apoios sejam entregues a quem necessita deles. Mas tudo é incerto e não sabemos o que aí vem», frisa a empresária.
Teresa Nunes refere que quando viram os casos a aumentar o primeiro pensamento do Jaju foi «proteger as pessoas» com medidas que não foram fáceis de tomar.
«A primeira medida foi logo que todos os funcionários usassem luvas para se poderem proteger do contacto com o vírus. Colocámos também barreiras de protecção em acrílico entre o funcionário da caixa e o cliente. Promovemos o uso de máscaras. Encontramo-nos numa situação irregular e incerta», volta a frisar, revelando mesmo que «passou pela nossa cabeça baixarmos os braços e fecharmos as portas, mas sabemos que colocaríamos demasiado em causa: o abastecimento das pessoas, a vida da empresa, os empregos».
«Decidimos então avançar e fazer duas equipas que não têm contacto entre si e trabalham de dois em dois dias. A loja é limpa e desinfetada todos os dias e só entram 10 pessoas de cada vez que têm de desinfetar as mãos e colocar luvas disponíveis na entrada», dá conta Teresa Nunes, que tenta incentiva ainda os clientes a planear as compras «para que possam passar o mínimo tempo possível dentro da loja».

Numa segunda fase o Jaju avançou para a entrega nas casas das pessoas das compras de forma a «manter a quarentena o mais possível».
Mas é aqui que Teresa Nunes dá conta de um problema: «neste momento necessitamos de mais material de proteção».
«Temos algumas viseiras encomendadas mas não temos acesso a máscaras. Às vezes sentimos que somos uma atividade um pouco discriminada. Somos uma pequena empresa que está a laborar, privada, e as pessoas pensam “estão a ganhar dinheiro”. Então não nos ajudam como ajudam os serviços públicos», refere a empresária, que sente mesmo «um olhar de lado».
«Pensam “se quiserem que comprem”. Acreditem que compraríamos mas muitas vezes não temos onde. É fácil reconhecer que um médico, neste momento, salva mais vidas e se expõe, mas em atividades como a nossa também há riscos. Não somos uma super empresa, nem uma máquina de fazer dinheiro como muitos pensam. Somos um grupo de seres humanos que estão a sê-lo e que continuam a trabalhar para manter a máquina de pé», aponta.
No entanto Tersa Nunes encara a “nova” vida do Jaju com espírito de missão.
«Claro que não estamos descansados, porque sabemos que estamos expostos, mas também sabemos que temos uma missão assim como todas as atividades essenciais comunidade a saúde, serviços de limpeza, protecção civil, e outras. O que sei é que necessitamos de manter as famílias abastecidas para que possam cumprir a quarentena», frisa.
A empresária diz mesmo que «esta é uma altura de união de reflexão».

«O vírus Covid-19 só se propaga, grosso modo, se não mantivermos a disciplina, a contenção e o distanciamento social, ou seja, se agirmos em conformidade como coletivo. A meu ver, precisamos de agir como coletivo não só para combatermos a propagação do vírus, mas também para salvarmos a sociedade a vários níveis. Temos aqui uma oportunidade de rever o nosso comportamento individual e coletivo em muitas áreas e, quando isto passar, teremos de ser novamente coletivo para colocar a nossa sociedade e a nossa economia de pé com sucesso. Dá que pensar», destaca em tom de refexão, sem antes deixar uma mensagem ao concelho de Esposende: «aproveito para apelar a todas as pessoas que fiquem em casa, por todos nós, pelos nossos, pelos outros».
«Nós, no que pudermos, estamos aqui para fazer a nossa parte», vaticina.
O Jaju avançou para a entrega nas casas das pessoas das compras de forma a «manter a quarentena o mais possível». Mas é aqui que Teresa Nunes dá conta de um problema: «neste momento necessitamos de mais material de proteção».
«Temos algumas viseiras encomendadas mas não temos acesso a máscaras. Às vezes sentimos que somos uma atividade um pouco discriminada. Somos uma pequena empresa que está a laborar, privada, e as pessoas pensam “estão a ganhar dinheiro”. Então não nos ajudam como ajudam os serviços públicos», refere a empresária, que sente mesmo «um olhar de lado».