A Associação Portuguesa de Enfermeiros e Médicos de Emergência (APEMERG) tem recebido, nos últimos dias, vários relatos de profissionais da área, manifestando “uma crescente preocupação em relação às condições de trabalho e aos riscos diários enfrentados pelas equipas de emergência pré-hospitalar”.
Entre as questões mais alarmantes destacadas pela associação está “o estado das viaturas utilizadas pelos profissionais”.
Segundo a APEMERG, muitas destas viaturas são antigas, com cerca de 20 anos de uso e mais de 500 mil quilómetros percorridos, o que representa um sério risco para a segurança das equipas e dos doentes transportados, especialmente no caso das ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV).
A utilização continuada destes veículos, que apresentam sinais claros de desgaste, aumenta significativamente o risco de falhas mecânicas e acidentes, colocando em perigo a vida de todos os envolvidos nas ocorrências.
Outro ponto crítico mencionado pela APEMERG é a falta de valorização dos profissionais de emergência pré-hospitalar por parte do Ministério da Saúde.
Apesar de desempenharem funções essenciais e enfrentarem riscos elevados, estes profissionais não recebem o devido reconhecimento financeiro.
A associação sublinha que, atualmente, não existe qualquer subsídio de risco para estes trabalhadores, cuja remuneração é considerada baixa e desajustada às exigências da função.
Face a esta situação, a APEMERG reforça a urgência de uma revisão das condições de trabalho, com especial foco na segurança das viaturas e numa remuneração justa e equitativa para médicos e enfermeiros de emergência pré-hospitalar.
A associação garante que continuará atenta a estas questões, empenhada em defender a qualidade e segurança da emergência pré-hospitalar em Portugal.
“20 Anos na Linha da Frente: Enfermeiro de VMER Denuncia Falta de Reconhecimento e Condições Precárias”
Um enfermeiro com 20 anos de experiência em VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação) denuncia as difíceis condições em que exerce a sua profissão.
Ele destaca a ausência de subsídio de risco, apesar de colocar frequentemente a sua vida e a dos colegas em perigo para salvar outras vidas.
O enfermeiro relata situações de elevado stress e desgaste, muitas vezes conduzindo em alta velocidade para chegar a tempo aos locais de emergência. As viaturas utilizadas estão frequentemente em condições precárias, com centenas de milhares de quilómetros.
O profissional apela ao reconhecimento das equipas pré-hospitalares como profissões de alto risco, comparando-as às forças policiais, e sublinha que o trabalho é feito por amor à profissão, ainda que esse amor nem sempre seja reconhecido.