Um estudo recente do Observatório do Bem-Estar revela que mais de 52% dos alunos do 5.º ao 12.º ano passam quatro ou mais horas por dia em frente a ecrãs, com este tempo a aumentar significativamente entre os estudantes do 12.º ano, que alcançam quase cinco horas diárias.
Ao fim de semana, a situação é ainda mais preocupante, com 63,3% dos alunos a dedicar cinco ou mais horas diárias a dispositivos eletrónicos.
Margarida Gaspar de Matos, coordenadora do Observatório da Saúde Psicológica e do Bem-Estar, alerta que este comportamento representa um “enorme desafio civilizacional”.
A psicóloga, que também é professora na Universidade de Lisboa, está a investigar o impacto do tempo excessivo em frente a ecrãs no desenvolvimento das competências sócio-emocionais dos jovens, afetando áreas como o sono, a alimentação e o bem-estar psicológico.
“Quando falo com os jovens sobre este problema, concluímos que a bandeira vermelha surge quando o tempo de ecrã se torna a única alternativa”, afirmou.
Em resposta a esta situação, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação emitiu orientações para limitar o uso de telemóveis nas escolas. Margarida Gaspar de Matos defende que as regras de utilização são preferíveis às proibições, embora reconheça que o problema atinge “proporções assustadoras”.
O estudo também abordou o bullying nas escolas, revelando que, embora a violência tenha diminuído, quase 40% dos alunos já foram ridicularizados, e um quarto admitiu ter sido ameaçado algumas vezes por ano.
Em termos de bem-estar, mais de dois terços dos estudantes afirmam estar satisfeitos com a vida, embora este valor diminua com a idade.
As raparigas mostram níveis mais elevados de ansiedade e depressão em comparação com os rapazes.
Em 2022, um terço dos alunos relatou sintomas de sofrimento psicológico, mas este número caiu para um quarto em 2024.