Se por um lado passarmos a ter a possibilidade de alugar uma bicicleta é um incentivo para o uso das mesmas, principalmente de quem nos visita, também o facto de não termos trotinetes na via pública só pode ser vista como uma boa decisão tendo em conta aquilo a que assistimos nas cidades onde elas “populam”, na minha opinião.
Sendo sincero, a tipologia das ruas e a necessidade de deslocação por automóvel para o trabalho, ou para a escola, torna as principais localidades do concelho de Esposende pouco amigas do uso quotidiano da bicicleta. Ruas com passeios curtos, em que passam com dificuldades duas pessoas, atiram as bicicletas para a estrada, numa disputa directa de espaço com o automóvel. Precisamos de infraestruturas de apoio às populações para tornar o uso da bicicleta mais abundante, mesmo nas zonas
do centro das localidades,e isso seria um outro artigo à parte, fazendo com que as biciletas Bolt irão ser usadas principalmente para percorrer as marginais, praças centrais e alguns trilhos..
Mas ver o concessionamento à Bolt quando o concelho já teve uma experiência na implementação de projectos IoT para gestão do território, no âmbito da SmartCity, e dispõe de uma encubadora de start-up’s, não consigo deixar de pensar se não poderíamos ter tido uma estrutura própria para este serviço ter sido adjudicado a uma empresa esposendense.
Serei sincero, não sou um grande fã das grandes plataformas de mobilidade e restauração.
Promovem um modelo de negócio que nos levam a discussões sobre o empregador, o trabalhador e as relações laborais entre ambos que todos pensavamos já definidas e esclarecidas desde a Revolução Industrial, há cerca de 300 anos atrás, e geralmente são empresas muito avessas a respeitar os direitos adquiridos de terceiros e a dar garantias aos seus parceiros. Se melhor exemplo houvesse, o facto de nenhuma destas empresas querer prestar apoio aos condutores que têm de dormir na mala dos
carros por não terem dinheiro para pagar nem uma cama devido à extorsão das máfias a operar em Portugal diz muito sobre o que realmente importa para estas empresas.
Talvez por isto, surgem cada vez mais app’s de origem local, fomentadas ou por comunidades ou entidades oficiais das cidades onde serão aplicadas, com uma geografia bem definida. Tomando as rédeas do processo por agentes locais, garantimos uma maior transparência da gestão dos recursos, uma repartição mais justa e clara do retorno financeiro para todos os que participam na atividade e ainda maior justiça e transparência na selecção de quem nela participam, são só algumas das vantagens que temos em ter uma plataforma de origem local.
Ter uma empresa esposendense a levar esta empreitada à frente seria um sinal encorajador para os esposendenses que trabalham nesta área, seria um sinal inequívoco de que o concelho gasta os seus recursos com quem cá vive e quem cá faz a sua vida mantendo os mesmos recursos dentro do concelho, dando uma experiência e um projecto que serviria de referência para se apresentar como um alternativa viável noutros âmbitos, provocando um efeito de atracção, motivação e de crescimento doutros parceiros esposendenses.Ou dito de uma forma simples, criaria uma referência e faria crescer um ecosistema à volta dela.E também não esquecer a parte física do processo das bicicletas, onde uma solução local garantia a venda e a manutenção dos equipamentos a mais umas quantas empresas esposendenses.
Poderão dizer que uma empresa como a Bolt têm uma outra abrangência em termos de público, uma outra facilidade de acesso e de meios de pagamento,e verdade seja dita, não deixam se ser argumentos válidos, mas também é claro nos dias que correm,que com as atuais facilidades no descarregamento de app’s e de acesso, bastam menos de 10 minutos apra termos alguém a aceder a uma nova app, e publicitando esta app como um projecto local, a esmagadora maioria dos utilizadores veria com bons olhos esta solução.
Em suma, semeemos o desafio na comunidade, que ela só fica mais enriquecida no final.
Fica a minha humilde sugestão para uma necessidade futura.