Uma embarcação ficou encalhada esta manhã na entrada da barra de Esposende.
O incidente ocorreu às primeira horas da manhã e segundo Serrano da Paz, comandante da Capitania de Viana do Castelo, não houve registo de feridos, apenas danos materiais.
“A embarcação encalhou. Os dois tripulantes conseguiram sair pelos próprios meios e encontram-se bem. Depois foi esperar que o nível da água subisse”, explicou o capitã0
O acidente aconteceu quando a embarcação regressava da faina. Recentemente uma embarcação de pesca lúdica também ali ficou “entascada”.
Pescadores de Esposende voltam alertar para o perigo da barra
O presidente da Associação de Pescadores Profissionais de Esposende (APPE) alertou hoje para “situação de grave perigo” na restinga e na barra de Esposende, salientando a necessidade de fazer “obras duradouras” para proteção de “pescadores e da própria cidade”.
Em declarações ao E24, Carlos Vilas Boas referiu-se ao acidente na barra, em que um barco ficou encalhado em “mais um episódio e o prenúncio daquilo que pode ser um dia uma catástrofe”.
Segundo Carlos Vilas Boas, “há anos e anos que se solicita obras aos sucessivos Governos”, referindo que “ao longo dos anos têm sido feitas intervenções como soluções a curto prazo” mas sem resolver a “questão de fundo” da barra.
“O problema da barra implica com a atividade económica do concelho ao dificultar a atividade piscatória, mas principalmente porque põem vidas em risco”, refere o presidente da APPE.
A Câmara de Esposende apresentou uma candidatura ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), denominada de Estudo de caracterização de riscos e programa de intervenção para a proteção da Restinga de Ofir e Barra do Cávado, que ainda aguarda implementação.
Presidente da Câmara de Esposende alerta para “fragilidade da Restinga e Barra”
O presidente da Câmara de Esposende esteve no dia 22 de outubro esteve reunido com a Comissão de Ambiente e Energia, liderada por Salvador Malheiro, onde foi apresentada a gravidade da erosão costeira e da navegabilidade da barra.
Guilherme Emílio quer retomar a salvaguarda da Restinga e Barra de Esposende, destacando a sua fragilidade e os riscos para a comunidade piscatória e a economia local. O edil frisou o insucesso de soluções anteriores e apresentou um novo estudo técnico, em parceria com universidades, que visa minimizar custos futuros e renaturalizar áreas afetadas.
O esforço do município foi elogiado, reforçando a urgência de soluções eficazes.
Barra de Esposende
A barra de Esposende remonta a 1795 quando a rainha D. Maria aprovou por Alvará Régio as Obras de Encanamento do Rio Cávado, seguindo-se, em 1860, estudos para a sua navegabilidade.
Em 1884 foi feito o primeiro projeto de melhoramento do Porto e Barra de Esposende e Encanamento do Rio Cávado e em 1935 mais um projeto de reconstrução do paredão da Barra do Porto de Esposende.
Em 1994 foi feita uma drenagem da barra e alimentação de areias na restinga, seguida de nova intervenção em 1998 e mais uma em 2001. Em 2003 foi elaborado um Estudo de Impacte Ambiental do Projeto de Melhoria da Barra do Cávado e em 2006 uma nova dragagem e alimentação de areias na Restinga.
No ano de 2015 foi feita uma nova drenagem da Doca de Pesca e uma Empreitada de reforço da restinga através da colocação de geocilindros, tendo sido necessário mais uma intervenção em 2016 e no ano de 2018 foi efetuada uma nova dragagem da Barra do rio Cávado e Alimentação artificial de praias adjacentes.
“Há 200 anos que se fazem intervenções mas não se resolve o problema de fundo”, dizem os pescadores no local.
Este incidente serve como alerta para os riscos associados às operações de entrada e saída das barras marítimas e reforça a necessidade de prudência e atenção por parte dos navegadores.