Ontem, à noite, o chefe Miguel Guerra dos Bombeiros Voluntários de Esposende lá voltou ao “sítio do costume”, em Fonte Boa, com a equipa de desencarceramento, que também incluiu elementos dos BV Fão com uma ambulância face ao protocolo de atuação na A28.
Miguel Guerra, comandante das operações de socorro, afirmou que desta vez “correu tudo bem” e a vítima “recusou tratamento hospitalar”, depois de ter andando aos “zigue zagues” na A28 em Fonte Boa, acabando imobilizando contra o railes de proteção da via em plena ponte sobre o rio Cávado.
Este experiente bombeiros confirma que naquele local os acidentes são frequentes.
Mas porque há tantos acidentes aqui?
Ora, não há uma explicação oficial, e a velocidade excessiva em piso molhado não justifica tudo. Rolando Pinto, que viu ali a esposa ter um acidente, reclamou junto dos responsáveis da A28.
Este utente da A28 é um dos indignados com o que se passa entre o quilómetro 46,2 e 46,5 desta ex-SCUT.
“Este troço foi a única parte que não teve piso novo aquando da recente renovação. É composto por uma ponte sobre o Rio Cávado. E é propício a ventos laterais. Troço não escoa a água devidamente. É ladeado nas entradas da ponte por árvores de grande porte e, por isso, fica com as folhagens na via. O troço tem juntas de dilatação e é propício à formação de lençóis de água”, começa por considerar Rolando Pinto, numa exposição que fez aos responsáveis da A28 (Governo e concessionário).
Este professor explica ainda que o troço de 300 metros não tem manga de vento nem sinalética sobre a mudança de piso.
“Todos estes fatores são propícios a acidentes”, afirma num mail, pedindo aos responsáveis “que averiguassem o porquê de tal situação se verificar neste troço e a razão de nada ser feito para que sejam mitigados os acidentes”.
“Será necessário que ocorram feridos graves e ou mortes?”, questiona.
O que diz a IP e concessionária sobre os acidentes e condições da via?
A Infraestruturas de Portugal (IP) não foge à questão, mas atira para a concessionária com uma resposta simples: “verificámos que o local em causa é da responsabilidade da Concessionária Norte Litoral, motivo pelo qual o remetemos à referida concessionária que prosseguirá com a respetiva análise”.
Estranhamente, ou talvez não, a “Norte Litoral” escreve que o local “não sofreu obras de beneficiação visto que o pavimento” e explica porquê.
“Apresenta boas características funcionais, dentro dos valores definidos no Contrato de Concessão”, lê-se num mail a que o E24 teve acesso..
Aliás a concessionária esclarece que “a Ponte sobre o Rio Cávado insere-se dentro de um lanço transferido pelo Estado Português e teve sempre, desde o inicio da sua construção, pavimento convencional, ao contrário do verificado a montante e a jusante da ponte, onde o Pavimento tem características drenantes. Não se encontra prevista, qualquer mudança de piso do troço em apreço”, explicam.
Quanto às mangas de vento, para os responsáveis da A28 estas não são precisas.
“Nunca existiram nesta ponte, também não temos registos de problemas causados por fortes ventos, não obstante, iremos ter em conta a observação realizada e tomaremos as medidas correspondentes caso estas se venham a revelar necessárias”, aludem.
A “Litoral Norte” explica ainda que as “árvores existentes nas laterais da ponte encontram-se fora da área concessionada não tendo esta empresa forma de proceder ao controlo da sua copa, restando apenas intensificar as operações de limpeza sobre o tabuleiro”.
“As juntas de dilatação são um elemento essencial ao funcionamento da estrutura”, afirmam.
A concessionária refuta ainda a acusação de que “o tramo não drena bem as águas pluviais, ou que seja propício a lençóis de água” e impute responsabilidades ao condutores.
“Importa referir que a estrada tem uma capacidade limitada de escoamento e esta quando é ultrapassada (períodos de precipitação muito elevados) começa a acumular água, para o efeito, conforme definido no código da estrada, devem os condutores da autoestrada adequar a velocidade de circulação às condições atmosféricas e visibilidade”, vaticinam.