Mudança não é o mesmo que transformação.
Dando uma vista de olhos rápida pelo Dicionário de Português é fácil perceber que Mudança é o ato ou movimento de trocar um elemento de lugar dentro do mesmo sistema enquanto transformação é o ato de alterar o sistema onde esse elemento se encontra.
E nas próximas autárquicas, os esposendenses terão de optar por duas vias: a da mudança de lugares ou a da transformação do concelho.
A via da mudança é representada pela Direita (PSD e Mudança) por aqueles que apenas querem trocar de lugares, que seguiram e seguem o mesmo plano delineado há décadas e que apesar de possíveis novas formas mantém uma mesma linha de rumo para o concelho, um concelho pequeno, com vocação para ser um jardim de fim-de-semana para todos os que nos visitam e que cá têm casa e com pouca independência da Câmara Municipal.
É uma via mais fácil e mais cómoda, onde os principais atores não querem causar algum tipo de alarme social no grande número de funcionários camarários esposendenses e suas famílias, quando nos dizem que a “Câmara está connosco”, afirmação que resulta de um erro de perceção primário e confrangedor do que é a realidade esposendense ao dia de hoje: nem todos os esposendenses vivem dependentes da Câmara Municipal.
Mas num ano de autárquicas concorridas a possível troca de lugares vai ser feita com alguns empurrões.
Empurrões entre aqueles que andaram a agitar bandeiras juntos há poucas semanas para as Legislativas e Europeias, empurrões entre aqueles que andaram a endossar os agora adversários durante anos quando chegava a Setembro, empurrões entre aqueles que vindos dos mais diversos quadrantes da sociedade civil juraram em longos post’s amor eterno a um candidato e a uma linha política.
É o fim anunciado de muitas boas relações entre conhecidos e de muitas mensagens de “Feliz Natal” daqui a poucos meses e depois das cartas baralhadas e dadas, e alguns egos feridos pelo caminho, o resultado será basicamente o mesmo porque o sistema será o mesmo.
E depois os esposendenses terão a via da transformação.
A via da transformação que as Esquerdas apresentarão será a mais audaz e que apresenta mais incerteza, é a vida daqueles que preferem servir melhor os esposendenses do que dizer que os funcionários de uma instituição “estão connosco”, mas que no fim do dia será a única que garante uma verdadeira transformação dos destinos do concelho.
Sem linhas orientadoras políticas dogmáticas impostas por atores externos que estariam na reforma, sem ter de agradar a gregros e a troianos, com uma visão nova e não comprometida com uma máquina, é claro que a transformação de uma Esquerda forte em Esposende será uma verdadeira transformação no concelho.
Sejamos honestos.
Um Presidente de Câmara Municipal, ou um Vereador, ou até um Presidente da Assembleia Municipal, que tenha prosseguido uma política errada para o concelho é alguém que têm uma experiência dos procedimentos burocráticos da função de anos (não é desprezível de todo) mas não o faz a escolha natural e indicada para seguir no mesmo cargo.
Imaginem um treinador de futebol, não é por conhecer todos os funcionários do clube que têm de ficar no lugar na próxima época depois de acabar em último no campeonato. É preciso um novo treinador para o lugar, uma nova tática, uma nova forma de atacar, defender e bater os cantos.
Logo, em época de escolha, os esposendenses, em especial aqueles que, por exemplo, ainda estão a perceber como conseguirão comprar uma casa em Esposende (a esmagadora maioria), têm a hipótese de seguir pela transformação, de seguir um caminho novo e sem amarras e não apenas mudanças de lugares com empurrões.