Segundo Graça Castanho, uma das promotoras da nova confraria, “a cannabis sempre fez parte da alimentação”.
“Temos receitas da idade média em que se cozinhava com cânhamo. Há comunidades africanas em que se dá cânhamo na alimentação às crianças. Sempre foi um alimento natural, ecológico e sustentável da humanidade”, frisou durante a cerimónia da criação da confraria.
Atualmente, já existem várias soluções múltiplas como a farinha de cânhamo, as sementes de cânhamo, óleo, azeite ou leite.
Graça Castanho salienta que, no uso na alimentação, o cânhamo nunca é o alimento exclusivo e sozinho, sendo valorizado pela combinação que faz com os outros elementos, enriquecendo-os e trazendo mais vitaminas, minerais, ómegas e proteínas vegetais.
“Uma alimentação equilibrada e rica tem de usar o cânhamo”, garante.
Alguns exemplos de utilização da cannabis na alimentação são simples, como sobremesas com farinha de cânhamo, misturada com outras farinhas vegetais, batidos com leite de cânhamo ou colocar sementes nas saladas.
“Basicamente, o que nos interessa é educar as pessoas, dar-lhes mais conhecimento”, destaca.
A nova confraria nasce nos Açores, com abrangência nacional. O primeiro capítulo e entronização dos órgãos sociais aconteceu em Montalegre durante o evento “Património Enogastronómico Montalegre 2023”, que se realizou entre os dias 21 e 23 de abril.
“As confrarias de cannabis, embora não alimentares, já existiram no final do século XIX e no princípio do século XX, muito concentradas em França, ligadas às dinâmicas artísticas, e no Brasil, conectadas com populações mais ostracizadas. Queremos resgatar esse património com uma roupagem mais moderna e na área alimentar”, esclarece Graça Castanho.
No entanto, é importante mencionar que o uso do cânhamo na alimentação é permitido, mas com condições.
Segundo a ASAE, os alimentos derivados da planta Cannabis sativa L que são autorizados para ser comercializados na União Europeia e que apresentam histórico de consumo seguro e significativos são os provenientes exclusivamente das sementes do cânhamo, nomeadamente óleo de sementes, proteína de cânhamo e farinha de cânhamo.
Sempre com a premissa de que sejam provenientes de variedades de Cannabis sativa L contendo THC inferior a 0,2% (w/w) e desde que não apresentem na sua rotulagem ou publicidade alegações de saúde e propriedades terapêuticas.