A Guarda Nacional Republicana (GNR) desmantelou um esquema fraudulento que, durante duas décadas, angariou milhares de euros através de falsos peditórios em nome dos bombeiros.
A investigação, que culminou na Operação “The Scheme”, sugere que a Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra esteve envolvida, fornecendo cobertura para a burla.
As autoridades realizaram buscas em várias localidades, incluindo Braga, Moimenta da Beira, Loures e Pombal, resultando na constituição de oito arguidos e duas entidades.
O esquema funcionava de forma organizada, com várias células operativas. Um grupo de três a quatro indivíduos posicionava-se em locais estratégicos, como semáforos e rotundas, abordando automobilistas.
Vestidos com fardas semelhantes às dos bombeiros ou coletes vermelhos da associação mencionada, os burlões solicitavam donativos para a aquisição de ambulâncias para corporações locais, que, na realidade, não tinham qualquer conhecimento da situação e nunca recebiam os fundos.
Caso a GNR ou a PSP fossem alertadas sobre a fraude, os burlões tinham uma resposta preparada, alegando que estavam a vender bilhetes para um sorteio autorizado pela Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra e pelo Ministério da Administração Interna (MAI).
Este estratagema permitia-lhes evitar problemas legais, mantendo a aparência de legitimidade.
A investigação, que começou em 2020 pelo Núcleo de Investigação Criminal de Viseu, revelou que a associação mencionada teria recebido uma parte dos lucros obtidos através dos falsos peditórios.
O último relatório financeiro da instituição indicou que, em 2023, arrecadou mais de 70 mil euros com um “sorteio nacional”, que, no ano anterior, tinha rendido 95 mil euros.
Os burlões, que viam na fraude um modo de vida, dividiam o restante montante entre os membros de topo da organização, incluindo o seu líder, residente em Lisboa.
António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros, confirmou que há vários anos são apresentadas queixas às autoridades sobre falsos peditórios realizados por grupos que se disfarçam com fardas vermelhas, confundindo-se com os bombeiros. “Algumas pessoas estão envolvidas há muito tempo, enquanto outras são novas”, afirmou.
A GNR confirmou que, na operação de ontem, foram constituídos arguidos oito homens com idades entre 24 e 65 anos, além de duas instituições.