No Tribunal de Amares, decorreram hoje os primeiros depoimentos no julgamento de uma antiga assistente operacional do Centro Escolar de Ferreiros (CEF), acusada de maus-tratos a uma criança de quatro anos.
A arguida, atualmente com 67 anos, está a ser julgada por um crime de maus-tratos, mas não compareceu à sessão, alegando motivos de saúde.
Testemunhas que trabalharam na escola com a arguida denunciaram que esta agredia fisicamente a criança, puxando-lhe as orelhas e batendo-lhe.
Relataram ainda insultos racistas, com a ex-colega a referir-se ao menor como “preto” em múltiplas ocasiões. Estas acusações foram corroboradas pela responsável da cantina, que recebeu queixas sobre o comportamento da arguida.
A coordenadora da escola do CEF afirmou em tribunal que recebeu denúncias sobre a funcionária, mas que esta sempre negou as acusações.
Acrescentou que nunca teve conhecimento direto dos maus-tratos com a gravidade descrita na acusação. A mãe da vítima declarou que nunca suspeitou das agressões, apenas tendo conhecimento da situação quando soube dos insultos racistas.
Fotografias apresentadas pela mãe mostram marcas no corpo do menor, mas esta referiu que não associou inicialmente as lesões a agressões. O tribunal admitiu estas imagens como prova, apesar da oposição da defesa.
Segundo o Ministério Público (MP), os maus-tratos ocorreram entre setembro de 2021 e maio de 2022. A acusação descreve vários episódios de agressão física e psicológica, incluindo empurrões que fizeram a criança embater em móveis. A arguida terá ainda dirigido insultos discriminatórios ao menor.
O MP sustenta que a arguida atuou de forma consciente e intencional, comprometendo o desenvolvimento físico e emocional da criança.
O julgamento prossegue nos próximos dias, com novas testemunhas a serem ouvidas pelo tribunal.