A recente demissão de Pedro Macedo, director executivo do Centro do Clima da Póvoa de Varzim, desencadeou uma onda de perplexidade e descontentamento entre membros da comunidade local e activistas ambientais.
Esta decisão, tomada pela Associação Póvoa em Transição, deixa o centro sem uma liderança técnica reconhecida pelo seu profundo conhecimento e dedicação à dinamização de sinergias entre instituições públicas, privadas e cidadãos.
Ao longo do último ano, o Centro do Clima destacou-se como um exemplo nacional e internacional de envolvimento cívico em iniciativas climáticas. Sob a orientação de Pedro Macedo, a organização tornou-se um símbolo de inteligência colectiva e acção pelo bem comum, promovendo a colaboração e revitalizando o espírito de transição climática em Portugal.
“Desilusão” de uma “Comunidade Ativa”
O impacto da demissão foi profundamente sentido por diversos cidadãos que, ao longo dos últimos meses, participaram em várias iniciativas promovidas pelo centro.
Estas atividades, de base local, trouxeram uma nova energia ao panorama ambiental da Póvoa de Varzim e inspiraram projectos que ultrapassaram os limites do município. Contudo, a abrupta saída do director executivo levanta questões sobre o compromisso com os princípios fundadores do centro.
“Independentemente das razões que motivaram esta decisão, esta mudança parece desvalorizar a visão transformadora e participativa que caracterizava o Centro do Clima”, afirmam os subscritores de uma carta aberta dirigida à Câmara Municipal e à Associação Póvoa em Transição (ler aqui).
Os autores da carta destacam ainda o risco de o centro perder a essência que o distinguia: o envolvimento alargado da comunidade.
Esta preocupação na Póvoa de Varzim é reforçada pelo facto de a decisão ter sido tomada no final de um ano marcado por actividades de grande impacto, como a realização de uma assembleia de cidadãos, integrada na elaboração do Plano Municipal de Acção Climática 2030.
Futuro incerto do Centro do Clima
A falta de clareza em torno do futuro do Centro do Clima e do próprio plano municipal preocupa os subscritores da carta.
“Desconhecemos o desenvolvimento deste processo inovador e o seu futuro precisa de ser esclarecido”, alertam estes cidadãos da Póvoa de Varzim .
A comunidade exige respostas da Associação Póvoa em Transição e da Câmara Municipal, questionando quais serão as condições para a continuidade das iniciativas climáticas e para o envolvimento dos cidadãos.
A incerteza gera receios de que o centro se torne numa entidade mais burocrática, perdendo o carácter dinâmico e participativo que o definia.
“Apelo” ao compromisso climático
A carta aberta não se limita à crítica. Oferece também um apelo ao diálogo e à colaboração. Os signatários reafirmam a sua disponibilidade para contribuir para o reforço das estratégias ambientais do município e para encontrar soluções que potenciem a acção climática.
Num momento em que a luta contra as alterações climáticas exige respostas urgentes e integradoras, o desperdício do trabalho já realizado pelo Centro do Clima seria uma derrota para a Póvoa de Varzim e para o país.
A carta enviada aos responsáveis da Câmara da Póvoa de Varzim conclui com uma mensagem de esperança: “Estamos confiantes de que V. Exas. partilham o nosso compromisso com um futuro sustentável e acreditamos que será possível encontrar soluções para promover o bem-estar da nossa comunidade.”
Expectativas sobre a resposta das entidades
Agora, todas as atenções estão voltadas para a resposta da Câmara da Póvoa de Varzim e da Associação Póvoa em Transição.
As decisões que forem tomadas nos próximos dias poderão determinar o futuro do Centro do Clima e a continuidade do seu papel como catalisador de mudança ambiental no município.
Enquanto isso, a comunidade mantém-se atenta, defendendo que o verdadeiro impacto de uma instituição como o Centro do Clima só é possível com o envolvimento activo de todos os seus membros e a valorização de lideranças técnicas comprometidas.