Mas em todos eles existe sempre o mesmo propósito intrínseco à atividade política: o debate de ideias entre quem se apresenta a votos para que a comunidade caminhe no sentido da prosperidade.
Umas Eleições Autárquicas sem debate entre candidatos nunca serão um exercício pleno da Democracia, um verdadeiro teste aos candidatos, que mais do que uma prova das capacidades será uma prova de vida da viabilidade das ideias de cada um deles e numa sociedade que cada vez mais absorve a informação, e as ideias do outro, pelas redes sociais, a ausência do debate entrega o cidadão às máquinas de propaganda, aos comunicados elaborados, às publicações dos partidos, colocando o político numa torre de marfim a salvo das suas faltas e dos seus erros de conjetura, incapaz de ser escortinado e testado pelo que já fez ou pelo que quer fazer.
Se a isto juntarmos um partido, ou candidato, que há muitos anos se encontra no poder, é notório que a ausência de debate convida a um refúgio ainda maior no conforto da cadeira do poder, deixando os concorrentes a lutar por uma atenção mediática transmitindo sempre o ar de uma superioridade evidente por parte de quem goza do poder.
Alguns considerarão inteligência, outros táticismo político, eu considero que seja apenas medo.
Na política ssposendense, a ausência de alguns candidatos nos debates autárquicos é uma velha, e penosa, tradição e isso é um veneno para a vida democrática esposendense, em especial a ausência dos candidatos do partido que governa o destino do concelho há 30 anos. Se o facto de ter de ser uma rádio poveira a fazer os debates autárquicos esposendenses em 2021 é por si só estranho, e reveleador do que nos ainda falta percorrer na discussão de ideias enquanto comunidade, mais estranho se tornou a ausência de parte dos candidatos a votos. Se alguma coisa de boa nos trouxe as Autárquicas de 2017 foi ter assistido a alguns atores finalmente a darem o justo valor aos debates, agora que participavam na luta política sem o respaldo da máquina partidária mais poderosa do concelho.
Espero que o espirito democrático dos 50 anos do 25 de Abril baixe em todos aqueles que em 2025 se irão apresentar a votos e que tenhamos finalmente debates, que tenhamos imprensa que os queira organizar,que tenhamos políticos capazes de discutir o que importa para os esposendenses, que
tenhamos mulheres e homens que deixem os seus teclados e que se olhem olhos nos olhos e digam o que têm a dizer.
Não teremos nós políticos com essa coragem? Pelos esposendenses, espero que sim!
Caso contrário, terei de parafrasear um ansião da minha aldeia: se não tens coragem de o dizer na cara, mais vale deixar de pensar nisso!
25 de Abril Sempre!