Para este centrista, há uma tentativa “à esquerda” de tornar a Revolução de 25 de abril uma luta de fação, acusando mesmo alguns partidos de esquerda de “decadência”.
“Abril é de todos, pese embora continuemos a assistir a alguns partidos de esquerda que pretendem apropriar-se ilegitimamente dela, como se o 25 de Abril de 1974 tivesse pertencido mais a uns do que a outros (…). Revolta-me estas apropriações que alguns partidos decadentes de esquerda continuam a querer fazer do 25 de Abril, transformando em luta de fação aquilo que foi uma conquista de todos. Aliás, cabe aqui recordar que o 25 de Abril de 1974 pôs fim a um regime autoritário, mas a verdadeira democracia – democracia livre, autêntica, sustentada em partidos políticos – apenas foi alcançada em 25 de Novembro de 1975”, afirma Areia de Carvalho.
Este membro do CDS-PP de Esposende diz que “gosta de festejar o 25 de abril de 1974”, mas dá conta também da importância do 25 de novembro de 1975.
“Devemos a um grupo de militares corajosos, esclarecidos e verdadeiramente democratas e amigos do povo, que afastaram as correntes vanguardistas que, sentindo-se – como hoje – os donos da revolução, pretendiam transformar Portugal numa democracia de fachada, de pendor centralista soviético. Mas o povo, mais uma vez, resistiu e mostrou que aquilo que queria era mesmo uma democracia. Obrigado a todos aqueles que, corajosamente, em 25 de novembro de 1975 tornaram irreversível a democracia que começou de forma ténue em 25 de Abril de 1974”, frisa.
Areia de Carvalho dá nota ainda que “Portugal tem inumeráveis desafios pela frente” e fala que atualmente existe uma “pornográfica mistura de interesses entre partido, governo, serviços do Estado e empresas públicas”.
“Hoje em dia assistimos a uma despudorada apropriação do aparelho de Estado pela máquina do partido que nos governa, uma pornográfica mistura de interesses entre partido, governo, serviços do Estado e empresas públicas. Famílias inteiras que vivem à custa deste jogo de interesses. Por outro lado, os grandes arautos da liberdade e da democracia estão a lançar as bases de um ataque à liberdade de expressão como nunca existiu, a não ser em regimes ditatoriais. Existe um total policiamento da linguagem que implica, para aqueles que não estejam alinhados, um verdadeiro cancelamento. Quem divergir da linguagem dominante, é censurado e posto de parte. O facto de, hoje em dia, haver quem defenda que os livros de Eça de Queirós devem ser adaptados ou que coleções como Os Cinco devem ser corrigidas, mais não é do que o regresso à censura”, dá nota o centrista.
Areia de Carvalho fala num Estado controlador dando exemplos de”manuais sobre quais as palavras que podemos ou não podemos utilizar, sob a capa de que temos que utilizar linguagem dita inclusiva”.
“Claro que todos temos que ser inclusivos. O que não podemos aceitar é que, sob essa capa, queiram proibir a nossa liberdade de nos exprimirmos como queremos. Outra manifestação de espírito ditatorial, travestido de liberdade, consiste na imposição da ideologia de género nas escolas portuguesas, apesar de isso contrariar frontalmente a Constituição da República Portuguesa. E os pais que a isso se tentarem opor arriscam-se a sofrer consequências gravíssimas, como se viu no vergonhoso ataque sobre a corajosa família de Famalicão“, frisa.
Areia de Carvalho aproveita a efeméride de Abril para dar nota de que o Estado tem que ser “curto, mas eficaz, quando o que temos, com este governo de esquerda, é um Estado balofo e ineficaz”.
“Temos ainda, por isso, grandes desafios pela frente. A lição que devemos retirar do 25 de Abril é que não nos podemos conformar nunca. Que nunca nos resignemos, mas que também nunca nos deixemos manipular. Temos que ser um povo exigente e pensante e não uma massa acéfala que vai atrás dos amanhãs que cantam”. Dezenas de anos depois do 25 de Abril e do 25 de Novembro, é a hora de uma revolta de participação cívica. É de ver de cada um de nós e a democracia só ficará a ganhar”, vaticina.